Ex-vice da Mancha Verde lança livro sobre a sua vida na Torcida Organizada

Inspirado em “La Doce”, livro da torcida organizada do Boca Juniors, que Reginaldo Pereira Gioz, ex-vice presidente da torcida Mancha Verde, principal Organizada do Palmeiras, escreveu o livro “Mancha Verde Minha Vida”. A publicação conta histórias que viveu na torcida e relatos de sua paixão relacionada ao Palmeiras.

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Em entrevista exclusiva para o Futebol Latino, Reginaldo Pereira comenta sobre o início de sua vida na Mancha Verde. Questionado sobre o preconceito da mídia por conta da violência entre as Organizadas, o autor do livro afirma que no fundo eles queriam isso no começo da década de 1990.

“Se eu voltar no passado e olhar no fundo da história a gente queria isso. A violência era diferenciada. Não tinha a intenção de matar. Era como se fosse uma briga de rua, por exemplo, a rua de cima contra a rua debaixo. Era uma forma de se impor e aparecer na sociedade”.

Segundo o próprio Reginaldo, a torcida cresceu muito por conta das brigas que eram noticiadas na imprensa.
“Sempre que repercutia uma briga nossa, eu lembro que no dia seguinte, a molecada fazia fila na sede da Mancha para se associar”, lembra o ex-vice presidente da Organizada.

Apesar da imagem ruim das Organizadas na sociedade, poucos sabem que as mesmas promovem projetos sociais que ajudam as pessoas da comunidade. Na quadra da Escola de Samba Mancha Verde toda terça e quinta-feira, Reginaldo dá aula de boxe. No começo eram poucas pessoas, mas hoje em dia o número aumentou consideravelmente.

Ele lembra que na sede antiga da Escola de Samba, a Mancha tirava a criançada que ficava na rua sem fazer nada e dava a oportunidade de praticar esporte e outras atividades.

“A gente tirava um monte de criança que ficava a toa e trazia para jogar bola aqui na Mancha. O nosso time de salão era muito forte. Alguns meninos eram corintianos ou torcedores do São Paulo e batiam no peito gritando que eram da Mancha. Isso era muito satisfatório, mas pena que acabou”.

Vale lembrar que a antiga sede da Mancha foi tomada pela Prefeitura de São Paulo. Na época, o prefeito José Serra pediu o terreno de volta. Reginaldo lamenta a atitude.

“Foi um ato político. Tinha caso muito mais grave para resolver e acharam um jeito de colocar a Mancha no topo da lista. Nós tentamos tudo o que era possível, mas não deu”.

Apesar de um fato triste na história da Mancha, Reginaldo Pereira comemora a nova sede da Escola de Samba, que é muito mais espaçosa e que certamente está a altura da entidade.

Sobre as histórias que conta no livro, ele relembra o caso mais famoso da Mancha Verde. Em uma disputa de vaga na fase final do Campeonato Paulista de 1989, o Palmeiras foi eliminado pelo Bragantino, em Bragança Paulista. Nas arquibancadas, a Organizada entrou em confronto com a polícia e um integrante da Mancha Verde mordeu um cachorro.

“Existem histórias de bastidores que eu não posso contar (risos), mas entre as que eu publiquei no livro, essa com certeza foi a mais engraçada. Você jamais pode imaginar que durante uma briga com a polícia, alguém vai morder um pastor alemão”.

Fundada nos anos 80, a Mancha Verde começou a viajar pela América na década de 90, quando o Palmeiras voltou a disputar a Libertadores da América. O autor do livro lembra que usou de inspiração cantos da torcida do Boca para compor canções da torcida palmeirense.

“Tem uma música que é a minha favorita. Toda vez que o Palmeiras marcava um gol, o estádio inflamava ao cantar: Sou Palmeiras, a Mancha é guerreira, o meu time é vencedor e a torcida é o terror..e dá-lhe dá-lhe Porco. Até quem não era da Mancha cantava essa daí”.

“Mancha Verde Minha Vida” retrata de uma forma polêmica, sem papas na língua e divertida a história de Reginaldo Pereira na torcida. A primeira edição, segundo o autor, aborda a passagem dele entre 1988 até 1995. Durante o bate papo, ele afirma que espera um retorno positivo de vendas do livro para lançar a segunda edição, que vai contar de 1999 até 2008.

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