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Técnico campeão da Copa SP, Zé Ricardo abre o jogo no Futebol Latino

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Foto: Reprodução/Facebook

*Por Mônica Alvernaz – Colaboradora do Futebol Latino

No dia 25 de janeiro, a equipe sub-20 do Flamengo conquistou pela terceira vez na história a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Peça fundamental nessa conquista, o técnico Zé Ricardo passou não só seu conhecimento técnico mas a tranquilidade necessária para a garotada rubro-negra fazer bonito dentro de campo. Para saber mais detalhes do trabalho do treinador, que chegou ao sub-20 da Gávea em novembro de 2014, o FL entrevistou o técnico e conversou um pouco mais sobre a equipe rubro-negra, sobre o alinhamento do trabalho com o técnico da equipe principal do FLamengo, Muricy Ramalho, além de conhecer as expectativas que Zé Ricardo tem para a sua carreira. Confira na íntegra a entrevista realizada com o comandante da equipe sub-20 rubro-negra!

FL: Com pouco mais de 1 ano de trabalho a frente da equipe sub-20 do Flamengo você já conseguiu conquistar a Copa São Paulo de Futebol Junior. Das orientações dadas aos jogadores ao longo desse período, qual você acredita ter sido a determinante para a conquista?

Zé Ricardo: Certamente foram muitas as orientações, mas acredito que a principal mudança foi a questão de como encarar os treinamentos. Concientizá-los da importância fundamental de cada sessão de trabalho. Tudo que conseguimos realizar no dia a dia provavelmente conseguiremos executar nas partidas. Lá (nos treinos) é que deve ser o maior investimento deles. O jogo será uma consequência disso…

FL: Nesse período que está trabalhando com a equipe sub-20, imagino que tenha acompanhado a evolução de diversos atletas. Consegue destacar o desempenho de algum deles comparando o período entre o dia que você chegou ao clube até a conquista do último dia 25?

Zé Ricardo: Difícil citar apenas alguns nomes, mas garanto que foram muitos aqueles atletas, que nessa mudança de postura, evoluíram muito. Atingiram desempenho que talvez eles mesmos não imaginassem (ou sabiam) que podiam chegar. Criar esse ambiente é essencial para uma mudança de nível de jogo individual e consequentemente coletivo.

FL: Falando ainda de destaques da equipe sub-20, o Muricy já deixou clara a vontade de olhar para as categorias de base e aproveitar os atletas para a equipe principal do clube. Você já teve a oportunidade de conversar com o Muricy para alinhar as expectativas em relação aos jogadores do atual elenco? Existe algum jogador campeão da Copinha 2016 que você acredita estar pronto para ajudar na equipe principal?

Zé Ricardo: Sim, tive um primeiro (e muito proveitoso) contato com o Prof. Muricy. Realmente a ideia é de alinharmos uma filosofia de jogo e de treino que entendemos ser a melhor para o Flamengo e não apenas pra o treinador A ou B. Dessa forma, todas as transições de categorias estariam facilitadas. Nessa linha de pensamento, as subidas dos 3 (três) atletas que hoje já fazem parte do elenco profissional (Léo Duarte, Ronaldo e Vizeu) foram facilitadas, pois as plataformas que jogo utilizadas no Sub-20 e no profissional são bastante similares. Penso que os três podem ser bem aproveitados no elenco. Lógico, de forma cautelosa e gradativa. E o clube pensa assim…

FL: Por diversas vezes, clubes brasileiros venderam jogadores ainda nas categorias de base para clubes estrangeiros. Como técnico atuante nessa área há alguns anos, você acredita que deveria olhar mais a frente e acreditar mais nos craques feitos em casa?

Zé Ricardo: Sim, isso seria o ideal! Mas temos alguns pontos a serem aí observados: A influência e a vontade dos pais e/ou empresários; a situação financeira (frágil) dos clubes, o sonho e o desejo de muitos atletas de jogar num grande clube no exterior e grande relação ‘candidato/vaga” nos clubes grandes brasileiros. Ainda entendo que, assim como outros muitos profissionais na base, a criação de uma nova categoria sub-23 minimizaria esse problema, já que daria mais um tempo para atletas que ainda não maturaram (em todos os aspectos) ao final da sua etapa sub-20. O grande problema é o custo e a falta de calendário pra essa categoria. Atualmente alguns poucos clubes no Brasil contam com um sub-23.

FL: Você trabalhou por algum tempo no futsal. Pensa em retornar ao esporte ou seu objetivo é continuar o trabalho no futebol de campo?

Zé Ricardo: Olha, sou completamente fã e apaixonado pelo futsal, esporte que pratiquei por muito tempo e tenho toda a minha origem como treinador, trazendo princípios e comportamentos que utilizo até hoje. Afinal, foram 22 anos nas quadras… Sempre que posso, vejo e vou a jogos, acompanhar de perto novas variações de jogo e novos atletas, para possíveis migrações pros gramados. Mas, atualmente me encontro bem satisfeito no campo e pretendo dar seguimento a minha carreira por aqui.

FL: Como técnico de futebol, você chegou a passar pelo mirim, sub-15 e agora está no sub-20. Pretende atuar como técnico do profissional um dia ou o seu negócio é comandar a garotada que tá começando?

Zé Ricardo: Adoro trabalhar com as faixas menores, gosto de ensinar e ver o resultado de todo esse trabalho. É fascinante ver meninos chegando com 11, 12 anos e vê-lo posteriormente jogando em níveis altos nos juniores e no profissional. Mas penso sim em chegar ao profissional. Como tudo até agora na minha carreira, de forma bem natural e por merecimento. Não tenho pressa e tento focar apenas no momento, com as diversas competições que teremos nessa temporada. Deixo o futuro e o destino nas mãos de Deus.

FL: Você chegou a receber um convite para comandar a seleção sub-15, mas optou por continuar no Flamengo. O que pesou na hora dessa decisão?

Zé Ricardo: Foi, sem dúvida, o momento mais difícil na minha carreira. Havia acabado de receber a promoção no clube e as pessoas que confiaram a mim essa responsabilidade (em especial o Sr. Carlos Noval, diretor da base e Léo Inácio, coordenador técnico do Sub-20), acreditavam muito que poderíamos fazer um bom trabalho, valorizando alguém da base do clube. Dirigir o Sub-20 do Flamengo é, além de um prazer, uma grande honra. E senti, pelo meu coração, que deveria seguir no Flamengo. Agradeço muitíssimo ao Prof. Damiani, da CBF, pelo convite. Senti-me lisonjeado em poder estar numa lista de possíveis candidatos com tanta gente boa. Um sonho que ainda espero realizar, mas que naquele momento não foi possível.

FL: Embora como jogador você tenha atuado por pouco tempo, você já acumula mais de 20 anos trabalhando com futebol. Nesse período, qual o principal ponto aprendido que você tenta passar para os meninos que treina?

Zé Ricardo: O trabalho, a disciplina e a dedicação tem que estar no DNA de qualquer atleta. Só acredito num trabalho de longo prazo, aonde você conhece e reconhece o seu jogador. E eles a você… Chamo isso de lealdade e fidelidade ao trabalho. Não consigo dissociar o atleta do seu caráter, da sua postura. Tem que caminhar junto! Criar esse ambiente é a minha maior preocupação e também da comissão técnica do clube. Dessa forma, as vitórias são comemoradas, mas contidas e sem exageros, e as derrotas não te derrubam e te rebaixam a nada. Equilíbrio sempre!

FL: Com a importante conquista da Copinha alcançada, o que podemos esperar da sua atuação a frente da equipe rubro negra para as próximas temporadas?

Zé Ricardo: Uma conquista grandiosa, na maior edição de uma Copa SP (112 equipes e 9 jogos), com adversários fortíssimos e grandes profissionais trabalhando. Conquistarmos reafirmando uma ideia de jogo, com um bom futebol na maioria dos jogos e apresentando novos valores para a equipe de cima é tudo que um treinador pode querer. Motivo de muito orgulho pra todos nós. Fora disso, a satisfação foi proporcionar a esse grupo de atletas experiências que, certamente contribuirão muito para a seu processo de formação. Agora, mesmo com a subida de alguns atletas, temos que seguir em frente, já que a temporada está apenas começando. Natural que haja um período de adaptação de novos jogadores, mas o clube hoje conta com todas as categorias de base com qualidade suficiente para nos mantermos num nível bom de jogo. A confiança é grande e seguimos em frente.

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