Recuperação, Marta como “mãezona” e evolução: A trajetória de Camilinha

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Foto: Divulgação/RV Sports

Em meio a um momento que pode ser histórico para a gestão do futebol no Brasil, uma atleta com ambições tão grandes quanto a anunciada e que esteve presente no evento se mostrava com um largo sorriso: A meia-atacante Camilinha, do Orlando Pride.

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Mesmo com a lesão no ligamento cruzado anterior que a tirou dos gramados na reta final da NWSL (National Woman Soccer League) os números e o ambiente que ela encontrou em Orlando só tem feito ela ansiar cada vez mais pela sua volta aos gramados.

Além disso, Camilinha não deixou de comentar sobre o futebol feminino no Brasil, sua inspiração pessoal e uma sensação de gratidão com seus fãs.

Confira a seguir:

FL: Falando da sua recuperação, todos que acompanham o futebol feminino ficaram felizes com a sua ida aos Estados Unidos, mas tristes com o ocorrido. Em que estágio você se se encontra?

Eu estou muito feliz. Ninguém quer sofrer uma lesão, ainda mais de LCA (Ligamento Cruzado Anterior), mas eu estou em uma fase muito boa porque eu estive fazendo a minha fisioterapia em Orlando e eles estavam acompanhando diariamente. É algo muito profissional, confesso que não esperava. O responsável pela minha cirurgia estava toda semana na minha casa, me acompanhando na minha recuperação e isso é muito bom pra mim, me deixou muito segura. Além disso, cheguei no Brasil e o pessoal da Seleção segue me acompanhando, me dizendo que a minha recuperação está muito precoce, muito evoluída. As respostas que estou tendo são muito boas. Não quero acelerar nada, prefiro ficar um mês a mais tratando do que voltar rápido e ficar mais oito meses fora. 

FL: Você precisou de um tempo para absorver o fato de estar jogando em um grande mercado como o futebol feminino norte-americano, ainda mais estando em um clube de grandes jogadoras como a Marta, por exemplo?

Quando saiu a equipe de Orlando no ano passado, eu falei com o meu empresário dizendo que eu queria muito jogar nesse time. Se tornou um objetivo pra mim estar lá, então quando eu cheguei lá e me deparei com grandes jogadoras, fiquei muito feliz mesmo. Então eu só precisava fazer o que eu amo fazer, as coisas ficaram muito mais fáceis porque eu me senti em casa. A Monica Hickmann me ajudou muito e depois quando a Marta chegou, ela se tornou além de uma amiga, uma mãe. Ela cedeu a casa dela porque era mais perto da fisioterapia, são coisas que eu nem sei como agradecer. Passei um ano incrível em Orlando tanto como pessoa como profissional.

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Foto: Divulgação/RV Sports

FL: Onde você enxerga os pontos onde o futebol brasileiro feminino tenha evoluído nos últimos anos?

Acho que houve uma evolução com a criação da Série A1 e A2, isso foi muito bom, mas acho que eles poderiam criar competições como foi prometida a Copa do Brasil Sub-20. Vendo de fora, infelizmente a Copa do Brasil acabou e eu acho que era fundamental. Se houvesse a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro seria um calendário perfeito, seria completo. Porque as jogadoras de Santa Catarina, que é onde eu nasci, teriam o calendário “cheio”. As atletas de lá só jogam o Brasileiro, não tem outra competição para atuar e isso é ruim. Nós temos boas jogadoras na base, mas não conseguimos dar uma sequência porque não tem competições e os clubes preferem contratar atletas mais experientes. Mas acho que a gente evoluiu, a passos lentos, mas acho que estamos evoluindo. Acho que pensando em uns quatro anos, talvez, a gente pode crescer muito mais. 

FL: Qual a sua expectativa em relação ao que pode ocorrer no futebol brasileiro para os próximos anos?

Como eles obrigaram os clubes masculinos a terem uma equipe feminina, acho que vamos evoluir bastante, mas a gente não quer só um nome, o emblema deles na camisa. Queremos o apoio, o incentivo, que eles entrem de cabeça no feminino e não apenas ter o time e acabou. O Corinthians entrou e, com a parceria com o Audax, foi campeão da Libertadores, agora vai ter o seu próprio time. Temos o Grêmio, o Inter, infelizmente teve o São Paulo, mas acabou, por muitos anos o Palmeira foi um grande nome no feminino, mas acabou… não precisamos de um time que comece em um ano e acabe no outro, precisamos de continuidade.

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Foto: Divulgação/RV Sports

FL: Além de nomes como Marta, Cristiane, Formiga, Ju Cabral, quem você colocaria como uma atleta que te inspira em todos os sentidos?

Nomes como Marta, Cristiane, Formiga, você não pode falar do futebol feminino e não citar elas. Mas quando eu comecei a jogar no campo, em 2013, teve uma jogadora que chamou minha atenção que foi a Andressinha. Primeiro que ela não começou em um clube, já começou na Seleção. E a história dela, a forma como ela leva as coisas é muito grandioso, admiro muito ela, é minha amiga na Seleção e joguei em Houston junto com ela. Alguns já diziam que ela seria uma nova Marta, mas de uma forma diferente. Ela é um ano mais nova que eu, é uma grande jogadora, tem muito pra brilhar ainda. É uma jogadora que eu me inspiro. São posições diferentes, mas eu me inspiro muito. Tem também a Gabi Nunes, que está surgindo agora, além da Bia Zaneratto que é um “monstro” de jogadora. São três jogadoras que se eu puder caminhar ao lado delas vou ficar muito feliz.

FL: O que você diria para as pessoas que estão acompanhando e torcendo para a sua recuperação?

Mensagem de gratidão. Só tenho que agradecer. Saí de uma cidadezinha, São Bento do Sul, onde poucas pessoas além da minha família acreditavam no meu sucesso e hoje eu cheguei onde cheguei porque essas pessoas acreditaram em mim. Minha família, principalmente, nunca deixou de estender a mão. Tenho alguns fãs pelo mundo que, quando eu me machuquei, nem conseguia agradecer porque não sabia que eu tinha todo esse carinho. Isso é muito importante e muito gratificante, eu dou muito valor a isso. Entrei recentemente no prêmio da Concacaf como o melhor gol e falei no meu Instagram que estávamos em quarto lugar e, de um dia pro outro, pulamos pro primeiro lugar. Não tenho nem explicação para agradecer esse carinho. 

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