Se você está, aqui, esperando por informações privilegiadas, inéditas e neutras, aviso de antemão que não estou aqui unicamente com o intuito jornalístico. Aliás, muito pelo contrário. Estou aqui para externar uma profunda mistura de sentimentos onde a palavra NOJO ecoa mais forte do que os NOJENTOS gritos racistas contra Vinicius Junior.
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Dou início a essa crônica com a afirmação, sem qualquer receio de exagero, de que o caso contra o brasileiro foi o mais vergonhoso do futebol em 2023. Contexto esse onde não há goleada, erro técnico, tático ou qualquer outro elemento restrito ao esporte que seja capaz de se dimensionar minimamente próximo.
Estamos falando de um elemento incrustado na sociedade global desde tempos onde a modalidade nem existia. Quando a cor da pele tentava ser diminuída com discursos tão fúteis quanto inconsistentes nos mais diferentes níveis. Quando o poder e a ganância eram financiadas de maneira irrestrita na base do sequestro e uso desmedido da força de trabalho de quem sequer sabia porque estava sendo sequestrado. Enquanto, do outro lado, o sequestrador sabia exatamente da gravidade do ato e ‘dava de ombros’. Ou melhor, dava os ombros dos outros ao trabalho que era tão incapaz quanto preguiçoso para não fazê-lo.
Nem a ciência, nem a religião ou qualquer outra linha de raciocínio é capaz de racionalizar o racismo. Ele é tão ardiloso quanto criminoso. Tão presente quanto podre. O ser humano reduzido ao grau mais baixo de comportamento com o simples objetivo de tentar menosprezar, desestabilizar e usar a paupérrima desculpa da ‘provocação’ como arma de defesa. Como se, em qualquer esfera, existisse algum argumento com força suficiente para justificar a covardia de um ato racista.
Precisamos falar sobre penas severas. Sobre consequências esportivas, criminais, sociais e em todos os campos que o racismo precisa ser brutal, frontal e ininterruptamente combatido. Todos os dias. Todas as horas. Sem a necessidade de qualquer tipo de caso ativar esse gatilho. Pois, do contrário, o único gatilho que seguirá sendo ativado é do trauma das vítimas.
Hoje foi Vinicius Junior. Hoje foi Caíque. Amanhã será outro jogador. Será outra pessoa em uma rua sem câmeras suficientes para tomarmos conhecimento. O racismo ESTÁ em todos os lugares. Logo, o combate também precisa estar.