*Por Agência Conversion
Daqui exatos quatro anos, o mundo estará assistindo a final da Copa do Mundo do Catar. O país do Oriente Médio está na mira do planeta desde que a Fifa anunciou a controversa escolha, em 2010. Entre ser o primeiro Mundial da história disputado entre novembro e dezembro à impossibilidade de consumir álcool nos estádios, o evento já é repleto de novidades.
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A seguir, o Futebol Latino relata como o país vai terminar 2018 – ano do último Mundial antes do seu.
Quando será?
A Copa do Catar começará no dia 21 de novembro e terá a decisão disputada no dia 18 de dezembro – feriado nacional no Catar. Por causa do calendário modificado, a Uefa vai mudar a agenda de jogos da Liga dos Campeões e, da mesma forma, os grandes campeonatos europeus, sul-americanos e asiáticos também vão modificar seus planejamentos.
Na Europa, a mudança ainda está em debate: Uma das soluções possíveis é antecipar as férias do final do ano, quando o torneio estará em disputa. A Uefa disse recentemente que a decisão sobre o que será feito com o calendário da Liga dos Campeões sairá apenas um ano antes do Mundial do Catar. O torneio no Oriente Médio vai durar 28 dias, quatro a menos do que os 32 da Rússia.
Há ainda uma proposta de aumentar o número de seleções em disputa de 32 para 48. O presidente da Uefa, Aleksander Seferin, reclamou recentemente que, se aprovada, a ideia geraria “muitos problemas”.
Que horas serão os jogos?
A Fifa ainda não decidiu. O Catar está três horas à frente dos fusos da Europa (cinco do Brasil) e, por isso, a possibilidade de jogos nos fins de tarde e durante a noite é maior.
“Mais de três bilhões de pessoas ao redor da Ásia e da Europa vão se beneficiar do horário do Catar durante a Copa graças aos horários convenientes dos jogos”, afirmou recentemente o comitê organizador local.
A expectativa também se dá por causa do calor: No verão catari, as temperaturas alcançam os 40°C o que, durante o dia, pode inviabilizar uma partida. Os jogadores europeus esperam que, durante seus jogos, o clima esteja mais ameno. O governo do Catar diz que a temperatura média entre novembro e dezembro varia entre 18°C e 24°C, “perfeito para a prática de futebol”, afirmou.
Os torcedores vão poder beber?
Ainda não se sabe. Em comunicado à rede britânica BBC, o comitê local disse que o “álcool não é parte da cultura catari”. As leis do país proíbem beber em público e, se uma pessoa for detida bêbada, pode ser presa.
No entanto, bebidas alcoólicas são vendidas normalmente em hotéis e nas chamadas “áreas designadas” e assim continuará durante a Copa. O que não se sabe é quais dessas áreas estarão abertas aos estrangeiros durante o torneio – as autoridades do Catar já disseram que as Fan Fests são preferidas. Além disso, a Fifa ainda não decidiu se vai vender álcool nos estádios.
Torcedores LGBT terão problemas?
Possivelmente. A homossexualidade é um crime no Catar, apesar do comitê local dizer que “todo mundo será bem-vindo” na Copa de 2022. Segundo o jornal britânico The Guardian, ainda não se sabe se a lei catari será aplicada durante o torneio.
O governo do país tampouco foi enfático em seus pronunciamentos: Recentemente, o comitê publicou um texto dizendo que o Catar “já recebeu vários eventos internacionais esportivos em que os torcedores e atletas foram bem-vindos e ficaram em segurança – o que não será diferente na Copa”.
Onde estarão os estádios?
Com a maior distância entre estádios sendo de 55 quilômetros, do Al Bayt Stadium, na cidade de Al Khor, até o Al Wakrah Stadium, em Al-Wakrah, os organizadores cogitam oferecer pacotes em que os torcedores assistam dois jogos em um mesmo dia. A menor distância entre as arenas é de apenas quatro quilômetros, do Al Rayyan, em Al Rayyan, ao Education City Stadium, em Doha.
O Khalifa International Stadium, a quase 13 km de Doha, de 40 mil lugares, foi reconstruído para receber a abertura da Copa. A expectativa é que ele esteja pronto em 2020, já que os ajustes dependem apenas de estruturas menores, como máquinas de solda nas instalações de ferro e pinturas externas.
A grande expectativa, porém, está sobre Lusail City: Localizada a 23 quilômetros ao norte de Doha, o ambicioso projeto desenvolvido pela Qatari Diar Real Estate Investment começou há oito anos e transformou o que antes era deserto solitário em um imenso canteiro de obras.
O plano de Lusail inclui duas marinas, shoppings, lojas de luxo, áreas de lazer e entretenimento, áreas residenciais, dois campos de golfe, um zoológico, praias de areia branca, estádios e pistas de corrida. Toda a área vai possuir, quando pronta, cerca de 35 quilômetros quadrados.
As autoridades do Catar esperam que Lusail seja a sede da Qatar Petroleum Corporation, grande empresa do país e que garante a riqueza para os 2,6 milhões de habitantes, e que seja a geradora de energia da região após o Mundial.
O projeto inteiro se insere dentro do plano chamado National Vision 2030, que busca alcançar a diversificação econômica do Catar por meio do desenvolvimento “imobiliário, humano e social”.
Quanto vai custar?
Os organizadores dizem que o orçamento total para os estádios e os centros de treinamentos será de R$ 25,2 bilhões. As preocupações sobre as condições dos trabalhadores nos canteiros das obras aumentaram nos últimos meses quando organizações de direitos humanos condenaram as práticas adotadas no Catar.
“As reformas prometidas são lentas e nós permanecemos preocupados que 2022 vai chegar e milhares de trabalhadores estrangeiros ainda estarão em condições de exploração ou vivendo em péssimas condições no Catar”, disse Allan Hogarth, diretor de políticas e assuntos governamentais da Anistia Internacional.
Em setembro, a entidade internacional encontrou dezenas de migrantes trabalhando na cidade que vai receber a final da Copa sem receber salários. A denúncia ganhou repercussão mundial depois que foi publicada na rede britânica BBC. Um porta-voz do governo catari disse, na ocasião, que as empresas envolvidas no caso não estavam relacionadas com a construção de estádios, mas apenas da cidade.
O presidente da Fifa, o italiano Gianni Infantino, afirmou recentemente que a Copa do Catar vai deixar “um grande legado”.
“No lado social, a Copa tem tido um impacto muito importante em toda a região”, disse durante visita ao Catar em outubro. “Quando você pensa em todos esses debates sobre direitos humanos e bem-estar dos trabalhadores, sem a Copa do Mundo, eles não teriam acontecido, assim com as melhorias que foram feitas não aconteceriam sem o Mundial”, completou.
Há 30 mil trabalhadores nos canteiros de obras dos estádios e da estrutura do Catar para o torneio – a maioria deles é do exterior. Em sua maioria, filipinos.
Como é a seleção local?
Vai ser a primeira Copa do Mundo da seleção catari, que ocupa a 96ª posição do ranking da Fifa atualmente. Eles venceram recentemente a Suíça – oitavo melhor time do mundo, segundo a entidade – por 1 a 0. Dias depois, empataram com a Islândia, sensação da Copa da Rússia, e venceram o Equador por 4 a 3.
Dois jogadores que ficaram famosos na Europa atuam no futebol catari hoje: O meia espanhol Xavi, ex-Barcelona, e o também meia holandês Wesley Sneijder, ex-Real Madrid.
“Havia muitos medos sobre a Rússia, mas eles se tornaram uma Copa muito segura, uma muito bem-vinda Copa em um país que fez seus torcedores se orgulharem”, disse Infantino.
“A população inteira da Rússia contribuiu e eu acredito que o mesmo vai acontecer no Catar”, finalizou.