Por que os atletas sul-americanos precisam se adaptar fisicamente ao jogo europeu?

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Foto: Divulgação

*Por Agência Conversion

No ano passado, o atacante Gabriel Jesus, do Manchester City, chamou a atenção dos veículos britânicos ao fazer uma série de revelações sobre o cotidiano do clube e as diferenças entre o futebol brasileiro e o da Inglaterra. Uma delas dizia respeito à verdadeira obsessão dos times do país por suplementos alimentares como o Whey Protein. “Todo mundo toma”, disse à época.

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O jogador, apesar disso, foi um dos poucos sul-americanos que não precisaram passar por um tratamento muscular na chegada à Europa.

O mesmo não aconteceu com Neymar, por exemplo: Contratado pelo Barcelona na metade de 2013, o ex-jogador do Santos precisou ganhar força muscular na chegada ao clube catalão. Na sua apresentação, em julho daquele ano, o jornal espanhol Mundo Deportivo chegou a dizer que a comissão técnica do Barça queria que o atacante ganhasse cinco quilos de músculos para enfrentar os zagueiros europeus.

Em setembro daquele mesmo ano, outro jornal espanhol, o Sport, publicou uma reportagem dizendo que Neymar tomava 300 ml de suplementos depois de cada partida disputada e 150 ml após os treinamentos. A “poção mágica”, como o veículo chamou à época, tinha 0,20 mg de ferro, 8g de glicídios, 200 mg de cálcio, 3g de lipídeos, 95 mg de sódio, além de triglicerídeos, aminoácidos e as vitaminas C, E, B1, B2, B6, B9 e B12.

Casos como o de Neymar são mais comuns do que o de Gabriel Jesus. Kaká, na sua chegada ao Milan, e Ronaldo, no PSV, foram grandes atletas brasileiros que também passaram por tratamentos musculares na Europa – o primeiro iniciou o processo ainda na época do São Paulo.

No ano passado, o jornal argentino La Nación fez uma grande reportagem mostrando como as dietas suplementares também são rotinas dos jogadores do país na Europa, como os atacantes Kun Agüero, do Manchester City, Paulo Dybala, da Juventus, e o próprio Lionel Messi, que passou por um longo tratamento durante a base do Barcelona.

Para o nutricionista Diogo Círico, da Growth Supplements, a explicação para essa demanda dos clubes europeus com os jogadores sul-americanos, especialmente os brasileiros, passa pelo estilo de jogo no Velho Continente, onde os atletas são mais cobrados pelo rendimento do que nas ligas daqui.

“Hoje, os atletas de futebol são um público para muitos projetos de pesquisa que buscam melhores desempenhos físicos. Como os europeus tornaram a ciência uma aliada dos resultados no campo, se tornaram os pioneiros nesse trabalho de dar mais competitividade aos seus jogadores”, conta.

“O futebol é um esporte em que existe muito impacto físico e, por este motivo, as valências físicas, a resistência, a velocidade, a força e a agilidade são características de um jogador competitivo na Europa, isto é, de um atleta de alto rendimento”, completa.

Para a nutricionista esportiva argentina Laura Perziano, que trabalha com jogadores do país na Europa, o cuidado nutricional dos atletas é uma coisa recente. “Há 10 anos, não existia tanto a cultura da nutrição no futebol. Tanto é que as futuras promessas argentinas que vão à Europa recebem indicações que são novas para elas”, disse ao La Nación.

“Hoje, a maioria dos jogadores da primeira divisão argentina tem informação nutricional. No entanto, o que acontece é como em qualquer outro espaço da vida: alguns se interessam e seguem os conselhos e outros não levam em conta o que falamos”, completou.

Já Círico, da Growth, acredita que a nutrição cresceu no futebol por causa das novas tecnologias empregadas no setor e na aceitação delas por parte do esporte. “Teve uma evolução na ciência dos alimentos, como é o caso do Whey Protein. Ele é um dos suplementos mais consumidos por atletas de futebol e é, inclusive, muito comum em clubes brasileiros”, afirma. “Ele é popular porque tem a capacidade de melhorar as condições de recuperação muscular e de reduzir o estresse gerado pela rotina de treinos intensa. Isso significa que o jogador poderá treinar por mais tempo e mais vezes na semana, podendo, enfim, evoluir técnica e fisicamente em menos tempo”, continuou.

Mas há outros fatores que estimulam a busca de suplementos por parte de atletas e comissões técnicas dos clubes europeus – e, agora, sul-americanos: No caso do Whey Protein, o seu uso serve para aumentar a saciedade dos jogadores, contribuindo na redução da gordura corporal, e para melhorar o consumo de energia do corpo deles, já que o alto teor de leucina, valina e isoleucina – os famosos BCAA’s – valoriza o metabolismo energético

Outro benefício constatado é de que as proteínas irão aumentar a resposta imunológica dos atletas, pois aumentam os níveis de glutationa celular diminuindo o risco de infecções e lesões. A oferta de alimentos que melhoram a imunidade dos atletas é sempre muito válida tendo em vista que o nível de treinamento e o pouco tempo de descanso irão alterar a imunidade.

“O treinamento técnico e físico de um jogador passa por exercícios de força, agilidade, resistência e coordenação. Quanto mais o indivíduo sofre desgaste físico, quanto mais ele é exigido em rotinas de treinamento, maiores e mais específicas serão as necessidades nutricionais”, finaliza Círico. Tudo para que os atletas se tornem… superatletas.

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