Brasil e Argentina fizeram a final da última edição da Copa América e seguem como as principais potências do futebol sul-americano. A prova disso está justamente na hegemonia consolidada desses dois países na principal competição do continente: a Libertadores. Um fator que exemplifica bem essa dominância é a segunda fase da competição, uma vez que seis clubes brasileiros e seis argentinos ocupam 12 das 16 vagas.
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Esse amplo domínio também é aparente nesta década. No caso dos brasileiros, os campeões foram Santos (2011), Corinthians (2012), Atlético-MG (2013), Grêmio (2017), Flamengo (2019) e o atual campeão Palmeiras (2020). Pelo lado argentino foram três títulos: San Lorenzo (2014) e River Plate (2015 e 2018). A exceção mais recente se deu em 2016 quando o Atlético Nacional sagrou-se campeão diante do Independiente Del Valle.
Apesar da vantagem no retrospecto geral e a tradição vencedora dos argentinos no torneio, ultimamente o Brasil levou a melhor, tendo vencido seis das últimas 10 edições da Libertadores. Para o gerente de futebol do Bahia, Júnior Chávare, esse domínio é justificado pelo foco dos brasileiros à essa competição.
“Nos últimos 15 anos os clubes brasileiros começaram a se importar cada vez mais com esse torneio. Isso na Argentina e Uruguai já era muito comum e, obviamente, pela qualidade técnica dos jogadores desses países e também pela situação financeira quando se trata da venda de jogadores, eles passaram a ter essa hegemonia”. explica o dirigente.
Outro motivo atribuído por Chávare é o fato de outros países tradicionais terem força na competição nos últimos anos como o Uruguai, que tem oito títulos de Copa Libertadores.
“O Uruguai nem sempre está conseguindo fazer grandes participações em virtude de uma crise técnica que o país atravessa e a questão de ter dificuldade em manter seus principais jogadores”, afirmou, completando:
“Você chega à conclusão que tanto o Brasil quanto a Argentina, pela quantidade e qualidade de seus atletas, além do grande interesse dos clubes em fazer desse campeonato um campeonato de relevância, fazem com que haja essa predominância destes países nas fases finais da competição.”
Para Chávare, é importante que os clubes brasileiros disputem e estejam na vitrine das competições continentais. O Bahia tem conseguido esse feito, uma vez que, na temporada passada, garantiu vaga à Copa Sul-Americana pelo quarto ano seguido. No último Campeonato Brasileiro, o clube baiano terminou em 14º lugar, posição limite para se classificar para o torneio. Em 2018 e 2020, o Tricolor avançou até as quartas de finais e foi eliminado. Na atual edição da competição, assim como em 2019, caiu na primeira fase.
Na visão de Marcelo Segurado, diretor-executivo com passagens por Goiás e Ceará, tanto a renda quanto o faturamento dos clubes brasileiros e argentinos estão acima de outros países da América do Sul.
“Um ponto que precisa ser considerado é a formação de jogadores privilegiada, qualitativa e quantitativa. Além disso, os campeonatos nacionais, tanto Argentino quanto o Brasileiro, são mais competitivos”, opina.
Com o título do Palmeiras sobre o Santos por 1 a 0 em final única no Maracanã, na última edição do torneio, o Brasil passou a ter 20 títulos de Liberta. Apesar da marca expressiva, o país segue atrás da Argentina, que lidera o ranking de troféus levantados com 25 títulos.
Vale lembrar que, desde 2017, a Conmebol implementou algumas mudanças no formato do torneio e, com isso, o Brasil ganhou mais duas vagas, passando a ter sete representantes na competição continental. Países como Argentina, Colômbia e Chile também foram beneficiados e ganharam uma vaga cada.
“Nos últimos dez anos tivemos essa predominância de brasileiros e argentinos chegando às fases finais com mais frequência, muito pelo investimento que os times desses dois países conseguiram atingir, com melhorias estruturais, de gestão e planejamento que visasse atingir metas para esse tipo de competição. Mas precisamos sempre ficar abertos a atentos aos outros centros, que invariavelmente aparecem como surpresas positivas”, afirma o diretor executivo do São Paulo, Rui Costa.
Na segunda fase da competição, seis clubes brasileiros estão na disputa: Atlético-MG, Flamengo, Fluminense, Internacional, São Paulo e Palmeiras. O presidente do Colorado, Alessandro Barcellos, reconhece a importância da Libertadores.
“É o torneio mais importante da América do Sul e, por isso, vamos trabalhar para que o Internacional seja competitivo sempre para chegar nela em todos os anos. A partir do instante em que você cria uma identidade com a competição, mais chances passa a ter de chegar nas fases finais. Hoje vemos a Copa Libertadores muito bem estruturada, tanto na questão técnica quanto financeira”, afirma o mandatário colorado.
Pelo jogo de ida das oitavas de finais, o Internacional enfrenta o Olimpia na próxima quinta-feira (15) às 21h30 (de Brasília) em Assunção.