O crescimento do futebol feminino dentro e fora de campo

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Brasil é o país do futebol e isso não se discute. Essa frase, porém, está diretamente relacionada ao desempenho da Seleção Brasileira Masculina, que não raro é chamada de “Seleção Principal”.

Se até a nomenclatura da noção da diferença que acabou se criando entre homens e mulheres no esporte mais popular do mundo, não é preciso muita explicação de como o futebol feminino ainda é cercado de estigmas, preconceitos e questões históricas para resolver.

As coisas estão mudando, porém, ainda que possa parecer que timidamente. O time de conteúdo da casa de apostas Betway colocou à prova o conhecimento de jogadoras profissionais do Real Betis, e elas não decepcionaram.

A verdade é que as mulheres desde sempre se interessaram por futebol, mesmo que isso tenha sido reprimido por décadas. Hoje em dia, porém, com um pensamento mais avançado nesse sentido, elas não apenas torcem, como jogam, e jogam sério.

Os anos de proibição

Pode parecer um absurdo pensar nisso hoje, mas o futebol feminino, se hoje ainda é marginalizado e alvo de preconceito, já passou por fases ainda piores: entre 1941 e 1979, o esporte era proibido para as mulheres, simplesmente.

A justificativa oficial da época era de que, sendo um jogo de contato, a prática do futebol pelas mulheres poderia acarretar em problemas de fertilidade. Esse exemplo por si só mostra não apenas o machismo intrínseco ao pensamento da época, mas a presença do estigma a níveis oficiais e jurídicos.

Crescimento e mudança

Esses anos de proibição custaram caro ao futebol das meninas. Enquanto os homens já haviam faturado três campeonatos mundiais de futebol, as mulheres só viram a Seleção Brasileira para o seu gênero ser criada em 1988.

É verdade que apenas três anos depois a Seleção Feminina já estava jogando Copa do Mundo, mas a falta de incentivo e todos os anos sem apoio e espaço fizeram com que as atletas sofressem a nível competitivo internacional. O título da Copa do Mundo nunca veio – o máximo foi uma segunda posição em 2007. Não é para menos, porém; até 2013, sequer existia um Campeonato Brasileiro.

O futebol feminino hoje

Em termos de Brasil, o futebol feminino ainda está na sua infância. É verdade que, em poucos anos de times profissionais, apareceram por aqui grandes atletas, que se tornaram conhecidas no mundo todo – nenhuma acima de Marta, maior jogadora da história do esporte.

A Europa está mais avançada quando o assunto é campeonatos e times, mas nenhum país supera os Estados Unidos, que não tem tradição no futebol masculino, diga-se. As meninas norte-americanas, porém, são craques de primeiro nível e não à toa o país faturou quatro das oito Copas do Mundo Femininas disputadas até hoje.

O Brasil segue em marcha lenta tentando alcançar os grandes clubes do mundo – que nem sempre são os mesmos que a versão masculina, diga-se. Um bom exemplo disso é a Ferroviária de Araraquara, clube que joga a Série D do Brasileirão masculino, mas é bicampeã brasileira e da Libertadores com suas jogadoras.

Há motivos para otimismo?

Exemplos como os da Ferroviária indicam que sim, há esperança de dias mais brilhantes para o futebol feminino. Com o pensamento mais progressista do século XXI (falando em termos sociais genéricos) e uma tendência feminista nas exigências socioculturais (e esportivas, claro), podemos, sim, imaginar um crescimento do futebol feminino.

Torcida não falta, e muito menos mulheres talentosas esperando para provarem seu valor em equipes que se disponham a investir nelas, como acontece com os homens há pelo menos 100 anos no Brasil. O que falta, talvez, seja uma mudança final no pensamento, tanto por parte dos tradicionalistas quanto os cartolas dos clubes tradicionais.

Desde que um Campeonato Brasileiro Feminino efetivamente saiu do papel, há menos de uma década, já se viu um salto em qualidade. Um pouco antes já havia sido criada uma Libertadores Feminina, em 2009; das 12 edições disputadas até hoje, 9 vieram para o Brasil. O talento das meninas está mais do que provado.

O último desafio, no final das contas, não é procurar talento – isso já foi achado; é procurar mudar a mentalidade, pura e simplesmente.

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