Nova regra do Brasileirão deve deixar clubes mais atentos às contratações

Foto: Divulgação

*Por Agência Conversion

Ser técnico de futebol no Brasil não é tarefa fácil. Com alta rotatividade e torcidas impacientes por resultados imediatos, há um consenso geral sobre a área: não há tempo suficiente para a implementação de um estilo de jogo e tampouco um projeto esportivo. Desde 2003, quando o Campeonato Brasileiro foi reformulado, o maior tempo sem que um comandante saísse do cargo foi de 93 dias.

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Para minimizar a quantidade de saídas de técnicos durante o Brasileirão, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que organiza o torneio, sugeriu e aprovou junto aos clubes envolvidos a regra que limita a troca de comandante ao longo das 38 rodadas da competição. Agora, as equipes da primeira, segunda e terceira divisões poderão trocar o comando uma vez durante o torneio, limitando-se a, no máximo, dois técnicos diferentes até o fim do campeonato. Caso exceda esse limite, deverá seguir com um funcionário com, no mínimo, seis meses de casa como interino.

Já na primeira rodada, jogada no final de maio, o Cuiabá demitiu o técnico Alberto Valentim após o empate contra o Juventude. Há quase um mês sem um comandante efetivo, o clube permanece dirigido pelo auxiliar-técnico Luiz Fernando Iubel. A demora na escolha de um profissional para a direção da equipe pode ser analisada pela cautela do time ao determinar a contratação do segundo – e último – técnico no ano. A regra também vale para os profissionais, que só poderão pedir demissão uma vez ao longo do campeonato, com o limite de treinar dois clubes na competição.

Cobrança recai sobre o técnico

A média da duração dos trabalhos nos clubes de elite da categoria no país é de cerca de seis meses, com destaque para o tempo de permanência de Renato Gaúcho no Grêmio – a maior até o momento, superando Muricy Ramalho, na passagem tricampeã pelo São Paulo, com quatro anos e meio, encerrada em abril deste ano. No momento, Guto Ferreira, à frente do Ceará há um ano e três meses, é o mais “antigo” treinador no comando de uma equipe da Série A do Brasileirão.

Em 2020, apenas Grêmio, Atlético-MG e Ceará permaneceram com o mesmo treinador durante todo o Brasileirão que manteve um calendário atípico por conta da paralisação no início da pandemia. O Internacional mudou uma vez o comando ao longo do ano com a contratação de Abel Braga para substituir Eduardo Coudet. O mesmo aconteceu com o Santos, que finalizou a temporada com a presença de Cuca. Corinthians e Palmeiras tiveram três nomes no comando, com um interino entre os técnicos efetivos. O Flamengo, por sua vez, teve três comandantes. O Botafogo foi um dos clubes que mais trocaram o profissional no cargo no ano passado, com seis nomes efetivos e um interino. O clube, agora, está na Série B.

Ao todo, na última temporada, foram 28 demissões em 17 times da série A. Curiosamente, nenhum time com mais de uma troca ao longo do torneio terminou entre os oito primeiros do torneio. Este dado aponta a falha dos clubes ao trocar inúmeras vezes o comando em poucos meses, deixando os atletas com menos tempo para assimilar as ideias de jogo do técnico. Assim, sem que os profissionais consigam executar as orientações, o rendimento da equipe não melhorará.

Outro ponto de atenção além do nome à frente do time podem ser os detalhes que, apesar de entrarem em campo, não são tão visíveis e criticáveis como o técnico. Entre eles está a preparação física deficiente, que não resolve os problemas musculares de alguns jogadores, fazendo com que o rendimento caia, a falta de análises do setor de futebol sobre os adversários antes e durante o jogo, com o uso de relatórios impressos ou digitalizados em smartphones e smartwatch Samsung ao longo da partida para alterar os planos ou sistemas táticos e os limites técnicos de cada atleta, assim como sua entrega dentro de campo.

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