Nessa terça-feira (8), o ex-técnico argentino Alejandro Sabella faleceu aos 66 anos de idade após ficar internado desde o último dia 26 de novembro em função de uma arritmia cardíaca.
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Apesar do quadro ser considerado delicado, houve um certo otimismo no início do mês de dezembro com a possibilidade de que Sabella pudesse receber alta, mas uma infecção hospitalar acabou não permitindo sua saída da unidade.
De acordo com o TyC Sports, ele, que já sofria com problemas cardíacos, teria ficado emocionado após a morte de Diego Maradona na última quarta-feira. Sabella ficou marcado como o comandante da Argentina no Mundial de 2014, no qual a equipe conduzida por Messi foi finalista em pleno Maracanã.
Do início no River Plate à trajetória na Inglaterra
Nascido em 5 de novembro de 1954, Alejandro Javier Sabella começou sua trajetória como jogador no River Plate. Logo o “Pachorra” (sinônimo de tranquilidade e apelido que ganhou em campo) chamou atenção por ser um meia canhoto, capaz de conduzir com habilidade a equipe.
Com astros como o goleiro Fillol e do zagueiro Perfumo (que ficaram conhecidos no futebol brasileiro por terem atuado por Flamengo e Cruzeiro, respectivamente) e nomes como Beto Alonso e Morete, fez parte do elenco que findou um longo jejum ao se sagrar campeão argentino e metropolitano em 1975. Dois anos depois, conquistou um novo título nacional, ainda tentando se firmar na equipe.
As atuações do “Pachorra” despertaram atenção do Sheffield United. No modesto clube da Inglaterra, sofreu com rebaixamento e campanhas oscilantes, mas teve atuações de destaque entre 1978 e 1980. Na temporada seguinte, foi negociado com o Leeds United. Entretanto, após um início promissor, foi perdendo o espaço pouco a pouco.
Conquistas pelo Estudiantes
Passados os momentos instáveis, Sabella retornou ao futebol argentino por meio do Estudiantes. O clube de La Plata perseguia o título argentino e deu ao “Pachorra” o posto de meia. Com suas boas atuações, a equipe obteve o bicampeonato: um Metropolitano em 1982 e um campeonato nacional em 1983.
Graças à boa fase com a camisa do “Pincha”, Alejandro Sabella ganhou suas primeiras oportunidades na seleção Albiceleste. Sob o comando de Carlos Bilardo (seu técnico no título metropolitano), estreou em um empate em 2 a 2 da Argentina com o Chile em 12 de maio de 1983. Como jogador, o “Pachorra” fez quatro partidas (em uma delas, os argentinos bateram o Brasil por 1 a 0, com gol de Ricardo Gareca).
Bicampeão estadual no Grêmio
Ao fim de seu ciclo no Estudiantes, Alejandro Sabella migrou para o futebol brasileiro em 1985. Contratado por US$ 170 mil na época, lidou com problemas de adaptação e não se firmou entre os titulares na equipe que tinha nomes como Mazaropi, Baidek, China, Valdo e Renato Gaúcho.
Além disto, conviveu com lesões. Mesmo assim, fez parte do elenco campeão gaúcho naquela temporada. No início do ano seguinte, teve um breve e discreto retorno ao Estudiantes, com o intuito de tentar uma vaga na Copa do Mundo de 1986. Porém, não se firmou em meio à campanha fraca da equipe de La Plata.
Retornou ao Tricolor gaúcho ainda em 1986 e fez parte da campanha do bicampeonato estadual. Só que também não teve um grande desempenho na equipe que já tinha nomes como Paulo Roberto e Hugo de León.
Da reta final em campo à braço direito de Passarella
Sabella ainda teve uma nova passagem discreta pelo Estudiantes em 1986/1987, atuou por Ferro Carril Oeste e pendurou as chuteiras no Irapuato, do México. Só que um novo horizonte se avizinhou: o de auxiliar técnico de Daniel Passarella, que começou quando ambos trabalharam no River Plate.
Já na Copa de 1994, ele auxiliou Daniel Passarella na seleção da Argentina. Sob sua batuta, estiveram Diego Maradona, Caniggia e Batistuta na campanha na qual os “hermanos” foram eliminados nas quartas de final.
Neste período como auxiliar na Argentina, foi campeão dos Jogos Pan-Americanos, mas amargou as eliminações na Copa América em 1995 e 1997, o vice-campeonato na Olimpíada de 1996 e nova frustração na Copa de 1998.
Ainda esteve com seu compatriota na seleção do Uruguai, onde foi finalista da Copa América de 1999 (perdida para o Brasil). Depois, passou como auxiliar pelo Parma e sentiu o gostinho do título pelo Monterrey em 2003.
Em 2005, retornou ao Brasil quando Daniel Passarella comandou o Corinthians, na “era MSI”. Porém, não conseguiu ajudar seu colega a lidar com o período problemático que assolou o Timão. Seu último trabalho como auxiliar foi no River Plate, onde começou sua carreira como jogador.
Início como técnico em grande estilo
A saga de Alejandro Sabella como treinador começou em grande estilo. Após ser sondado por Juan Ramón Verón, aceitou a missão de comandar o Estudiantes em uma empreitada na Copa Libertadores.
Tendo como comandado Juan Domingo Verón, Galván e o artilheiro Mauro Boselli, alçou a equipe ao título com uma grande façanha: derrotar o Cruzeiro por 2 a 1 em pleno Mineirão e levar o troféu. A equipe de La Plata também foi à final do Mundial de Clubes, mas não resistiu ao poderio do Barcelona.
Finalista em sua única Copa como técnico
Em 2010, ainda venceria o Torneio Apertura pelo Estudiantes. Entretanto, logo aceitaria outra tarefa árdua: comandar a seleção da Argentina. Alejandro Sabella foi designado para substituir Sergio Batista na busca por levar os “hermanos” para a Copa do Mundo de 2014.
Além da classificação na primeira colocação das Eliminatórias, o treinador teve à sua disposição no Mundial o camisa 10 Lionel Messi e nomes como Higuaín, Aguero, Mascherano e Sergio Romero. Os argentinos fizeram uma campanha intensa e foram até a final disputada no Maracanã. No entanto, amargaram a derrota para a Alemanha por 1 a 0 na prorrogação.
Após deixar o comando da seleção, Sabella chegou a receber propostas de diversos clubes e até para comandar o Chile. Contudo, sua saúde já estava bastante debilitada nos últimos anos devido a um câncer na laringe e, em 2015, a uma angioplastia.