O Flamengo é um gigante e ninguém é louco de discordar disso. Só que na grande competição continental, a Copa Libertadores da América, o rubro-negro emenda seguidas desilusões, apesar do altíssimo investimento feito na montagem de elencos e a virada financeira que a equipe teve.
O único título de Libertadores do Flamengo veio em 1981, com um esquadrão liderado por Zico que entregou de brinde para os torcedores da equipe um atropelo contra o Liverpool no Mundial. Essa foi a primeira campanha do time na competição.
Desde lá, foram duas semifinais em 1982 e 1984 e muitas eliminações na fase de grupos para um clube de tamanha tradição: 1983, 2002, 2012, 2014 e 2017. Agora a queda veio nas oitavas, outra fase que deveria ser mais facilmente superada, mas que também foi o fim da linha em 2007 e 2008.
Mudança financeira não trouxe a mudança em campo
A gestão Bandeira de Mello à frente do Flamengo foi um óbvio divisor de águas na história do clube. O endividamento em 2013 chegava a 700 milhões de reais e qualquer caixa que era feito era logo penhorado para pagamento de dívidas. E as dívidas se empilhavam.
É até absurdo pensar que um clube que se orgulha de ter uma torcida que passa de 30 milhões não seja rentável. Isso ficou óbvio com a mudança que logo aconteceu: os investimentos em elenco tiveram que cair, mas as receitas subiram e as dívidas foram organizadas. Só uma tragédia, como cair para Série B, faria o dinheiro que entra vir em quantidades menores, porque mesmo sendo mais ou menos em campo, o Flamengo teria gente nas arquibancadas, o que é um atrativo na hora de negociar os contratos de televisão e patrocínios.
A loteria Timemania é um retrato muito poderoso dessa força da torcida. O torcedor pode apostar nessa loteria federal e colocar qual é seu time do coração, que ganha um repasse todos os anos. O Flamengo, desde 2008, ano de criação dessa loteria, é o primeiro, ganhando 3 milhões sem fazer qualquer esforço, em 2017.
Com tudo em dia e os números no verde, chegou a hora de montar grandes elencos e fazer o que um grande clube tem a obrigação: disputar títulos de forma constante e também ganhá-los. Não foi isso que aconteceu, com só um Campeonato Carioca para chamar de seu desde então.
O que falta para o Flamengo conquistar o bicampeonato?
Quando se fala que futebol é uma caixinha de surpresas, essa situação do Flamengo pode ser perfeitamente colocada como exemplo. O que falta para um clube desse tamanho conseguir chegar longe na competição continental?
Já está claro que dinheiro não é um problema. E para os mais tradicionalistas, camisa não pode ser um fator para um clube multicampeão e que teve gênios usando seu uniforme.
O time atual tem talento: no gol está um goleiro (Diego Alves) que se for convocado para a seleção ninguém acharia um absurdo. O meio-campo conta com um veterano de times grandes na Europa (Diego) e que ainda tem lenha para queimar e um jogador que seria titular em todos os clubes do Brasil (Everton Ribeiro), sendo eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro em seu time brasileiro anterior. Ainda tem Lucas Paquetá, promessa que se torna realidade a cada jogo.
Claro que o elenco tem deficiências. Assim como o de todos os outros times, inclusive o do Cruzeiro, que passeou no Maracanã no jogo de ida das oitavas de final.
O treinador é um problema? Mauricio Barbieri realmente não é um nome dos sonhos, mas o Flamengo já contratou todo tipo de treinador: os da velha-guarda (Luxemburgo e Carpegiani), o meio-termo em Mano Menezes, treinador estrangeiro (Reinaldo Rueda) e até prata da casa antes da atual prata da casa em Zé Ricardo.
É até difícil achar explicação. O fato é que a América esnoba o Flamengo. Não importa o dinheiro envolvido.