Médicos analisam efeitos da Covid-19 no desempenho dos atletas

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Foto: Divulgação/Estudiantes de Mérida

Durante o mês de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado de pandemia do coronavírus em todo o mundo. Mais de dois anos depois, os médicos dos clubes brasileiros ainda analisam os efeitos do vírus no desempenho dos atletas bem como os principais riscos de sequelas. No primeiro ano, a Covid-19 infectou 48% dos jogadores da Série A, segundo estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Jhone Pereira, médico do Cuiabá, explica os principais riscos da doença, pensando no alto rendimento dos atletas:

“Existe a ameaça cardiológica que pode vir como uma sequela. Nós tivemos muitos casos descritos de miocardite, relacionado a infecção do vírus e esse é um problema que estamos sempre atentos para evitar que aconteça. Com o passar do tempo, passamos a tratar e compreender melhor os casos de cada paciente.”

Ainda de acordo com o médico, a curto prazo, houve casos de jogadores que caíram de desempenho em algumas métricas de avaliação:

“Alguns tiveram dores articulares, lombares e até do ponto vista pneumológico também, mas como eles são atletas de alto nível, no médio prazo esses sintomas foram mitigados.”

Apesar dos jogadores estarem propícios à recuperação mais rápida, uma pesquisa da Universidade Heinrich-Heine, da Alemanha, feita em agosto do ano passado, ligou implicações a longo prazo da Covid-19 a quedas de desempenho nas ligas da Alemanha e Itália. Segundo os pesquisadores Kai Fischer e W. Benedikt Schmal, houve uma diminuição de 6% no número de passes completados e 9% na minutagem dos atletas nos meses seguintes à doença.

Os dados citados anteriormente reforçam a importância da vacinação para prevenir possíveis sequelas e, principalmente, controlar o avanço da doença.

“As principais sequelas são, momentaneamente, cansaço e falta de ar ao realizar esforços, e o mais comum, é a previsão de quatro meses de duração em média. Observamos que, após tomar a vacina, os atletas com a faixa etária entre 20 e 30 anos são pouco acometidos tanto com sintomas quanto sequelas ou queda de desempenho em esportes de alto rendimento”, explicou Alexandre Vega, médico do Botafogo.

Júnior Chávare, executivo de futebol que estava atuando nas categorias de base do Atlético Mineiro, no início da pandemia, relembra o medo de trabalhar diante da ameaça da Covid-19 e a rotina diária de testes:

“No meu caso, por ser grupo de risco, no dia a dia do trabalho eu era tido pelos colegas como um dos mais prevenidos. Não tirava a máscara em nenhum momento e mesmo assim acabei contraindo o vírus. Até o diagnóstico positivo, cheguei a fazer 37 testagens”.

Em 2020, Chávare ficou internado por uma semana e foi o caso mais grave do Galo:

“No dia que testei positivo, senti um cansaço no corpo, mas leve. A partir do segundo dia, aumentaram os sintomas. Do sétimo dia em diante foi mais crítico. Aí a questão respiratória ficou mais comprometida, com muita dificuldade, e o cansaço absurdo, ao ponto de não conseguir andar 10 metros sem parar. Nesse período, eu tive de tudo. Dor no corpo, febre, falta de ar. Tudo que você pode imaginar.”

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