No dia 18 de novembro de 2009, o Palmeiras encarava o Grêmio pela 36ª rodada do Campeonato Brasileiro e terminava o primeiro tempo perdendo por 1 a 0. Na saída para os vestiários, o atacante Obina e o zagueiro Mauricio mostraram um pouco do ambiente da equipe que liderava o Brasileiro com folga, mas via o título escapar entre os dedos. Após uma rápida discussão, ambos trocaram socos e acabaram expulsos pelo árbitro Heber Roberto Lopes.
Na entrevista coletiva, nada de Muricy Ramalho, então técnico do Verdão. Quem falou foi Gilberto Cipullo, um dos dirigentes mais emblemáticos do Palmeiras nos últimos tempos. Em seu pronunciamento, o homem forte do futebol anunciava a demissão dos ‘brigões’.
Quase uma década depois, a vida de Mauricio se transformou. O zagueiro evoluiu tecnicamente e foi trilhar seu caminho na Europa. Ganhou destaque no Sporting Lisboa, de Portugal e logo se transferiu para a Lazio, clube onde ganhou respeito da torcida e principalmente dos companheiros.
Atualmente no Légia Varsóvia, da Polônia, o defensor de 29 anos tem planos de continuar na Europa por pelo menos mais três anos. Porém, durante um bate-papo exclusivo com a reportagem do FL, Mauricio revelou que, apesar do seu processo de amadurecimento na carreira, ainda carrega um sonho: reescrever a sua história no Palmeiras.
Confira agora os principais trechos do bate-papo do zagueiro:
FL: Como está a vida na Polônia? Já chegou como campeão.
M: Cheguei aqui há pouco mais de dois meses. Ajudei o Légia a conquistar o título da copa nacional e isso foi muito importante, pois já tinha um tempo que o clube não vencia essa competição. Agora, o foco é terminar muito bem a temporada e tentar ficar com o título da liga, que consequentemente vai nos dar uma vaga nos torneios continentais.
FL: O seu melhor momento na Europa foi com a camisa da Lazio, conte um pouco sobre essa trajetória.
M: O interesse da Lazio surgiu por conta do meu desempenho no Sporting Lisboa, quando formei dupla com o Marcos Rojo e colocamos o time na Champions League. Acertei a minha transferência para a Itália e tive um primeiro ano muito bom. A equipe ajudou bastante e também classificamos a Lazio para jogar a Champions após sete anos.
FL: Mesmo com esse destaque, por qual motivo você deixou o clube?
M: A partir do segundo ano não foi tão legal. Dentro de campo não repetimos o mesmo desempenho, tive propostas para deixar o clube, mas não fui liberado. Além disso, eles não aumentaram o meu salário e fiquei insatisfeito. Houve mudanças na comissão técnica e o Inzaghi assumiu o clube, porém não tinha espaço e quando entrava não jogava na minha posição. Optei por seguir a carreira em outro lugar e parei no Spartak Moscou. Após o meu empréstimo, os russos queriam exercer a compra e a Lazio novamente não me liberou. Voltei para a Itália, continuei na mesma situação de não entrar em campo e pintou o Légia Varsóvia.
FL: Você fez parte do Palmeiras que perdeu o Brasileiro 2009, acredita que essa foi a maior frustração da carreira?
M: Fiquei muito chateado, mas não foi a maior frustração da minha carreira perder o título. Futebol é assim mesmo. Se você não tiver uma base titular, não utilizar os atletas da maneira certa, a tendência é que tudo desmorone de uma hora para outra. Nosso time era formado por grandes estrelas e alguns focos de insatisfação surgem a todo instante com jogador que entra pouco, não é relacionado e etc. Tudo precisa ser muito bem controlado, se der bobeira já era.
FL: Ainda pensa em vestir a camisa do Palmeiras?
M: Olha, eu vou ser muito sincero, é o meu sonho voltar ao Palmeiras ter uma nova oportunidade de reescrever a minha história. Se eu tivesse essa chance de voltar iria me doar 1000% porque vestiria a camisa do time que me revelou e atualmente conta com uma das melhores estruturas do país. Hoje em dia, estou maduro, rodado no futebol europeu e certamente poderia agregar dentro e fora de campo. Apesar do meu desejo, vejo que o Palmeiras está bem servido na posição.
FL: Durante a sua passagem na Lazio, você treinou com o Miroslave Klose. Como era trabalhar com ele?
M: Ele é uma pessoa fantástica. Quando cheguei na Lazio me deu alguns toques durante os treinamentos e isso foi muito importante para a minha evolução. É um atleta diferenciado e não é a toa que conquistou títulos coletivos e individuais.
FL: Ele brincou sobre o 7 a 1?
M: Claro. Assim que voltou da Copa do Mundo brincou comigo ao dizer que tinha goleado a nossa seleção e se tornado o maior artilheiro dos Mundiais dentro da nossa casa.