O elemento capaz de conduzir o maior dos talentosos (no futebol e na vida) é a arrogância. É no espaço sorrateiro e imperceptível do seu crescimento que podemos perceber o chamado “começo do fim” para o insucesso. A falha jamais imaginada. Tudo acontecer exatamente como NÃO se espera.
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Se existe um roteiro mais desenhado do que a final da Copa do Mundo de 1950 calcada com esses contornos, os deuses do futebol (e das artes cênicas) ainda não se dignaram a revelar. Era o anfitrião seguro 200.000% de si (proporcional ao público presente) diante dos uruguaios que, mesmo com as quatro estrelas no currículo (duas medalhas de ouro nas Olimpíadas e duas Copas), pareciam fadados a serem coadjuvantes na aguardada decisão.
O regulamento permitia que, com uma igualdade, a Seleção Brasileira conquistaria o inédito título diante de seu povo. Título esse, aliás, que era declamado aos quatro cantos como já conquistado mesmo o campo ainda não tendo constatado tais previsões.
O gol de Friaça logo no começo do tempo complementar parecia o começo da grande festa. Afinal, se foi feito o mais difícil que era abrir a contagem, os uruguaios não “ousariam” estragar a festa conseguindo a então interpretada como improvável reviravolta. Não?
O empate de Alberto Schiaffino abalou, mas não acabou com o “fogo” vivo da conquista iminente, afinal o regulamento seguia favorecendo. Mas veio Alcides Ghiggia. Veio rápido. Livre. Preciso.
E, perto de acabar o confronto, também acabavam as certezas e começava a incredulidade. Barbosa passava a ser injustamente crucificado. O Maraca ficava calado. A celebração mudava de lado.
Não à toa, essa vitória ainda é muito celebrada pelos lados do Uruguai. Não que precisasse, mas foi uma prova cabal e irrefutável de que subestimar o povo das margens do Rio da Prata é um erro respondido com charrua. Com bravura. Com superação. A Seleção e o Maracanazo que o digam.