bonus de cadastro

Machismo, incentivo e soluções: como precisa evoluir o futebol feminino

futebol-feminino-brasileiro-e-a-historia-da-superacao-dos-preconceitos-Futebol-Latino-12-12
Foto: Divulgação/Corinthians

Nessa sexta-feira (5), o pontapé inicial na Copa Libertadores Feminina acontecerá na Argentina à partir das 17h (de Brasília) em competição onde equipes conhecidas também do cenário masculino representam o futebol brasileiro: Avaí Kindermann, Corinthians e Ferroviária.

OS_BRAZIL_300x250_2020_Q2_SOC

Leia mais: O fim de semana do futebol brasileiro será bastante agitado!
“Era Gallardo” obtém o mesmo número de títulos que o futebol paulista; Entenda

Todavia, a restrição dessa informação fica voltada ao público que acompanha com maior afinco o esporte, não tendo nem de longe o mesmo grau de penetração, por exemplo, da mesma competição entre os homens. Seja pelo aspecto de diferença no tempo de existência como também por aspectos mais enraizados como a diferença de investimento, visibilidade e até mesmo o forte teor machista do esporte em si.

Na avaliação da consultora de projetos do futebol feminino e também de eSports da OutField Consulting, Carolina Chrispim, o aspecto do preconceito com suporte de fatos históricos ajuda a compreender de maneira mais precisa o tamanho do caminho a ser percorrido:

“O ambiente machista é um dos maiores obstáculos para mudar o tratamento dado ao futebol feminino no Brasil e é muito importante pontuar que a modalidade foi proibida por quase 40 anos no país, o que ajudou a perpetuar a ideia de que futebol é um esporte masculino. O esporte mais popular do país apenas reflete o fato de que na sociedade brasileira como um toda a mulher não ocupa um papel de protagonismo, criando a ilusão de que o futebol jogado por mulheres é inferior.”

Atuando desde 2018 na área de conteúdo relacionado ao futebol feminino, Carolina participou de um importante movimento de sua companhia que trabalha com negócios do esporte onde a Copa do Mundo de Futebol Feminino, que aconteceu na França, foi o primeiro “estalo” da necessidade de maior ênfase.

“Coincidentemente, eu comecei a trabalhar na OutField logo após retornar da Copa do Mundo da França, em 2019, e desde 2018 já fazia um trabalho de conteúdo com futebol feminino, então foi um processo natural começar a olhar mais para a modalidade dentro da consultoria. Fizemos alguns projetos pontuais com foco em esportes femininos, mas no meio do ano passado entendemos que a oportunidade pedia uma estrutura única, que pudesse focar 100% em projetos para o futebol e demais esportes femininos”, frisou.

Confira outros pontos abordados

Caminho de desenvolvimento do futebol feminino no Brasil

Primeiramente, precisamos entender que o futebol feminino e o masculino não são iguais e não devem ser comparados, eles tem estágios de desenvolvimento e necessidades diferentes e para isso é muito importante resgatar a história da modalidade no país, entender o que já foi feito nos últimos 30 anos e tirar aprendizados para um melhor planejamento. Além disso, é preciso tirar o futebol feminino do amadorismo, trazer programas de formação específicos e criar ambientes seguros para que meninas e mulheres possam praticar a modalidade. 

O futebol feminino melhor trabalhado como produto

O futebol feminino carrega um senso de comunidade nativo das redes sociais, então a interação e o engajamento são pontos muito fortes. Existe uma proximidade maior entre torcedores, mídia, atletas e clubes que traz uma conexão muito grande que pode ser explorada em diversas plataformas e formatos. A liga americana, por exemplo, tem uma ótima parceria com o Twitch, com transmissões e programas exclusivos, permitindo o acesso no mundo todo, além de ativar suas redes sociais a todo momento, interagindo com torcedores e com os próprios clubes que compõem a liga.

Obrigatoriedade dos clubes em dar maior suporte ao futebol feminino

À primeira vista, a obrigatoriedade pode parecer um bom caminho, mas, como visto no caso dos clubes, muitas vezes não há um planejamento específico para o futebol feminino e a modalidade acaba sendo colocada de lado e mantida precariamente. Na minha opinião, as federações e confederações precisam entender que seus campeonatos femininos são produtos tão importantes como o masculino, obviamente levando em conta os níveis de investimento e retorno, e dar condições para que essas competições sejam realizadas em alto nível para que a entrega de mídia seja interessante para os detentores de direito.

“Espelho” de desenvolvimento do futebol feminino além dos EUA

Os EUA tem uma força enorme quando se fala em seleção e muito pautada nos sistemas de high school e college que forma as atletas, mas hoje, o melhor exemplo de um planejamento bem executado e que traz resultados, tanto a nível nacional quanto internacional, é a Inglaterra. Eles criaram um programa de desenvolvimento que envolve toda a cadeia do esporte, partindo do ensino de futebol para meninas na escola, passando por estruturas de excelência para suas as seleções e criando um produto muito interessante com suas ligas profissionais. A FAWSL, campeonato da primeira divisão, tem sua plataforma própria de transmissão, é patrocinada pela (rede bancária britânica multinacional) Barclays, que paga o mesmo valor da liga masculina, conseguiu atrair algumas das maiores estrelas do futebol mundial e está sendo disputada por diversos canais. 

error: Futebol Latino 2023