*Por Agência Conversion
A cidade que receberá a abertura e a final da Copa do Mundo do Catar, no dia 18 de dezembro de 2022, ainda não existe.
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Localizada a 23 quilômetros ao norte de Doha, capital do país do Oriente Médio, o ambicioso projeto desenvolvido pela Qatari Diar Real Estate Investment começou há oito anos e transformou o que antes era deserto solitário em um imenso canteiro de obras.
O plano de Lusail inclui duas marinas, shoppings, lojas de luxo, áreas de lazer e entretenimento, áreas residenciais, dois campos de golfe, um zoológico, praias de areia branca, estádios e pistas de corrida. Toda a área vai possuir, quando pronta, cerca de 35 quilômetros quadrados.
As autoridades do Catar esperam que Lusail seja a sede da Qatar Petroleum Corporation, a grande empresa do país e que garante a riqueza para os 2,6 milhões de habitantes, e que seja a geradora de energia da região após o Mundial. O projeto inteiro se insere dentro do plano chamado National Vision 2030, que busca alcançar a diversificação econômica do Catar por meio do desenvolvimento “imobiliário, humano e social”.
A Copa do Mundo do Catar será a primeira da história a ser disputada no mundo árabe e, por causa do calor da região, mudará o calendário do futebol mundial: Historicamente organizado no verão europeu, em junho, o evento vai acontecer no final do ano, entre novembro e dezembro, quando as temperaturas no Catar são mais amenas.
No final de outubro, o presidente da Fifa, o italiano Gianni Infantino, visitou as obras dos oito estádios que vão receber as partidas do Mundial do Catar, além dos centros de treinamento e hotéis das delegações. “Você pode ver o progresso que está sendo feito aqui quatro anos antes da bola rolar”, comentou ele, segundo reportagem da rede Al Jazeera.
“Eu acredito que a Copa é extremamente importante, não apenas para o Catar, mas para toda a região – que é apaixonada por futebol e está investindo muito nisso”, completou.
O estádio da Copa será chamado de Lusail Iconic Stadium, com capacidade para 86 mil pessoas e localizado ao lado da estrada da cidade. A obra é um projeto do arquiteto alemão Albert Speer Jr., filho de um dos últimos ministros e arquiteto do ex-líder alemão Adolf Hitler. Speer morreu recentemente, deixando os trabalhos nas mãos de outro arquiteto do seu país: Norman Foster.
O governo catari pretende ligar todos os pontos importantes da nova cidade por meio de uma rede de veículos sobre trilhos, como os VLT’s do Rio de Janeiro e de Santos, no Brasil. Estão em construção também pistas para carros com acessos rápidos, ciclovias e imensos estacionamentos a céu aberto, além de grandes áreas verdes para ajudar a diminuir a sensação térmica, que passa dos 40° C.
Apesar da imponência, há um lado obscuro de Lusail: Recentemente, a rede britânica BBC publicou uma extensa reportagem mostrando que trabalhadores estavam sem receber salários há dois meses e que outros estavam vivendo em condições insalubres na cidade. Instituições de direitos humanos e até governos mundiais cobraram respostas das autoridades cataris sobre as denúncias.
Segundo a Al Jazeera, já foram registradas três mortes de trabalhadores nos canteiros, e outras oito pessoas que estavam no Catar por causa do evento futebolístico morreram fora do período de trabalho, segundo a organização local.
Quando a cidade estiver pronta, 450 mil casas estarão disponíveis para os primeiros habitantes. A estimativa do governo é de que a cidade acomode 230 mil moradores quando estiver em sua capacidade máxima. Vários tipos de leilões online de imóveis estão sendo organizados todos os meses por empresas e pelo governo para negociar os primeiros empreendimentos anos antes do Mundial.
Na internet, já é possível comprar os primeiros imóveis por cerca de R$ 767 mil (um estúdio com varanda de 52 m²), por exemplo. Alguns empreendimentos residenciais chegam a custar R$ 1,43 milhão.
A construção de Lusail no meio do deserto do Catar vai demandar, ao final, US$ 45 milhões (R$ 167,6 milhões), e deve ficar totalmente pronta no final de 2019.