Lateral brasileiro relata drama vivido na Europa em meio a pandemia

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Foto: Reprodução/Instagram @mlkvicentte

Todo o mundo vive tempos de apreensão e espírito de combate a pandemia do novo coronavírus na busca por dias melhores. Contudo, além desse clima, o lateral-esquerdo brasileiro Vicente ainda tem outras (duras) batalhas a superar mesmo estando no aclamado futebol europeu.

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Jogador do Bylis Ballsh, equipe radicada no futebol da Albânia, ele contou em entrevista a ESPN que acumula uma sequência de frustrações desde que pisou no Velho Continente entre o falecimento da mãe, as dívidas que seu agente tem com ele há pelo menos quatro meses (além do próprio clube) e a impossibilidade de deixar o país pela limitação de voos.

Logo momento de sua chegada a Albânia, Vicente já teve problemas em relação a elementos básicos como a ausência do agente que lhe apresentou a proposta na assinatura do vínculo e os problemas de moradia e alimentação, em tese fornecidas pelo clube no início. Ao ponto do mesmo ter de arcar com os custos de transporte até o hotel da equipe por quase um mês até ter solucionado seu problema do apartamento com locação quitada pelo Bylis.

“Tive uma oferta muito boa por meio de um agente que tinha me visto jogar. Ele disse que o time precisava de um lateral e brigaria por títulos. Se fizesse um bom campeonato, tinha a chance de ir para a elite da Suíça, porque ele tinha contatos por lá. Eu cheguei para acertar o contrato, mas o agente não estava. Tudo o que eles prometeram não cumpriram”, garante Vicente.

Para piorar, além das dívidas que tanto clube como o agente acumularam com ele nos últimos quatro meses (o forçando a viver de uma ajuda de custo dada pelo governo no valor de 250 euros (R$ 1,4 mil), sua mãe faleceu no Brasil vítima de um câncer no pâncreas e ele sequer teve a oportunidade de ficar mais próximo dela tanto nos últimos dias de vida como no seu sepultamento:

“Ela ficou internada e eu queria voltar ao Brasil para poder ajudá-la e conversei com o presidente do clube. Ele me disse que não poderia me liberar porque tinha jogos importantes e que daria suporte, mas isso não aconteceu. Fiquei muito chateado e com angústia porque não podia fazer nada. Falei que iria ao Brasil para poder dar forças para ela. Era um momento único porque morávamos somente eu e ela. Ele foi muito sangue frio e seco. Não me liberou porque eu disse que iria e voltava.Muito revoltante, foi uma pessoa que não teve sentimento nenhum pelo próximo. Nem conseguia falar com ele porque estava chorando muito. Era uma dor única.”

Por fim, o jogador contou da pressão que ele e seus companheiros sofreram do clube para retornar aos treinos mesmo em contrariedade a recomendação expressa da FIFA além de ressaltar seu desejo de, independente do retorno fixado da competição nacional, retornar ao Brasil o quanto antes.

“A Fifa dizia que não poderíamos treinar, mas o clube nos disse que, se não fôssemos treinar, seríamos multados. Era algo muito tenso e não sabíamos o que fazer. A gente tinha que obedecer às ordens. O Campeonato Albanês deve voltar no dia 3 de junho, mas eu não tenho cabeça para nada. Só penso em voltar ao Brasil de alguma forma. Está difícil porque não tem mais voo. O único que vimos foi dia 1º de junho, espero que eu consiga embarcar nele”, disse o atleta de 24 anos de idade que chegou a trabalhar com Fernando Diniz no Audax.

“Eu não vejo a hora de voltar ao Brasil. E que alguém possa me ajudar a voltar. Não posso ficar assim, vir para outro país e ter essa situação de não receber e passar por apuros. Não sei o que pode acontecer aqui. Está difícil demais. Estou passando muitas dificuldades”, concluiu.

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