Impactos da pandemia: um em cada cinco atletas se sente desmotivado a treinar

Domingo
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

A pandemia do novo coronavírus foi responsável por uma série de mudanças desde o começo do isolamento social, fator visto na economia (apenas quatro dos 14 setores recuperaram as perdas ou mantiveram-se estáveis), na política e, sobretudo, no comportamento social de quem esteve (e ainda está) em quarentena.

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Um aspecto que se tornou bastante evidente no período de isolamento social foi a atenuação dos transtornos psicológicos, em especial depressão e ansiedade. Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que o número de pessoas com depressão teve aumento de 90% e pacientes que relataram sintomas como crise de ansiedade e estresse agudo dobraram entre março e abril de 2020.

No caso dos atletas, a situação foi ainda mais severa, uma vez que a ausência da prática de esportes (que antes costumava ser ordenada, diária e contínua) sofreu uma intensa ruptura durante o isolamento social. Um levantamento realizado pela Universidade de Stanford (Estados Unidos) e pela plataforma esportiva Strava, em outubro, analisou 131 esportistas, a partir de um questionário de 30 perguntas. A pesquisa mostra que um a cada cinco atletas se queixa da falta de motivação para treinar dentro das restrições impostas pela Covid-19.

O cenário é ainda mais preocupante quanto aos transtornos psicológicos, visto que o sentimento de estar deprimido pelo menos cinco dias da semana no meio dos atletas teve um aumento de 18,6% entre o momento antes e depois da pandemia. O crescimento de sintomas físicos causados pela ansiedade também foi expressivo: em janeiro de 2020, apenas 4,7% dos esportistas relataram efeitos como taquicardia, insônia e nervosismo. Em outubro de 2020, essa porcentagem era de 27,9%. Para além do impacto na saúde mental, a pesquisa também observou mudanças na prática dos exercícios físicos. 31% dos atletas reduziram a duração dos treinos e 17% diminuíram a intensidade dos exercícios em decorrência da falta de constância pela paralisação súbita nos primeiros meses de isolamento. Entre os 131 esportistas entrevistados, 12% tiveram sintomas de Covid-19.



Outro fator responsável pelo adoecimento mental dos atletas também está relacionado à parceria durante as atividades físicas. Antes da pandemia, 91% dos esportistas treinavam com parceiros, número que caiu para 68,9% em outubro. O mesmo ocorreu para os exercícios em grupo, que foram de 39,7% para 11,6% após o período de quarentena.

O sentimento, entretanto, pode ser comum aos atletas que deixam de fazer exercícios com a mesma frequência repentinamente por causa dos hormônios liberados durante a prática de esportes, como a noradrenalina e a endorfina. Sem a constância anterior, há um desequilíbrio químico no cérebro, responsável pelo surgimento de doenças mentais como a depressão e a ansiedade.

A ligação desse tipo de doença com a prática de esportes que é tema de estudo e pesquisa em diversas faculdades de psicologia brasileiras. Mas é fato que a prática de exercícios libera os chamados “hormônios da felicidade” e gera bem-estar. Sendo assim, a ausência deles é facilmente notada pelos atletas e pode desencadear desequilíbrios químicos com maior frequência. Quando não levam o indivíduo à depressão, causam o sentimento de desmotivação, o que diminui o ritmo e a intensidade dos treinos.

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