*Por Agência Conversion
Será o campeão da Copa Sul-Americana do ano passado, o Independiente, da Argentina, que fará a maior viagem das primeiras fases da Copa Libertadores da América este ano: Vai cruzar os 7.500 quilômetros que separam Avellaneda, no subúrbio de Buenos Aires, para jogar contra o Deportivo Lara, em Cabudare, na Venezuela, no começo de março. Em maio, na última rodada da fase de grupos, será a vez dos venezuelanos cruzarem o continente.
As passagens aéreas dos paraguaios do Guaraní do Paraguai serão compradas dois meses antes: Já no final de janeiro eles viajarão a Carabobo, também na Venezuela, pela segunda fase da competição, enfrentar o time de mesmo nome. Entre Assunção e Carabobo, a distância é de 7 mil quilômetros. “Uma viagem desse porte é sempre complicada”, lamentou o técnico do clube paraguaio, Sebastián Saja.
As distâncias entre as grandes cidades sul-americanas e as dificuldades em viagens terrestres sempre foi apontada como uma das dificuldades extras da Libertadores da América. Os clubes costumam calcular não apenas a força dos rivais ou a estrutura dos estádios, mas os deslocamentos necessários, que cansam os jogadores e geram transtornos.
Na edição do ano passado da competição, o Lanús, da Argentina, fez uma viagem parecida na primeira fase para enfrentar o Zulia, na Venezuela. O Grêmio também foi ao país caribenho jogar contra o Zamora, cruzando 7 mil quilômetros entre Porto Alegre e Barinas e precisando organizar um esquema especial de deslocamento entre fretamento de aviões e conexões em outros aeroportos.
Em 2016, o Racing fez uma viagem mais longa na primeira fase: 10 mil quilômetros para jogar contra o Puebla, no México. Deslocamento que o Grêmio e o San Lorenzo fariam naquela fase de grupos para jogar contra o Toluca – o time brasileiro ficou 12 horas em trânsito para chegar à cidade na ocasião.
Na Libertadores desse ano, a geografia vai ser mais cruel novamente com o Grêmio: O clube porto-alegrense viajará à Venezuela para enfrentar o Monagas, da cidade de Maturín, ainda na fase de grupos. Os mesmos 7 mil quilômetros separam os dois países. “O sorteio ficou muito parecido com este ano. Claro que diferencia, porque a cidade fica na região mais ao norte da Venezuela. Vamos ter que fazer um estudo. Provavelmente teremos que fazer fretamento do voo”, explicou Marcelo Rudolph, supervisor de futebol do Grêmio, depois do sorteio das chaves.
O Corinthians também irá à Venezuela neste ano: Terá pela frente o Deportivo Lara, de Cabudare, a 6.300 quilômetros de distância, em março. Para chegar à cidade, o clube terá de alugar um avião ou encarar uma estrada de cerca de 300 quilômetros entre Caracas e o pequeno município. Além disso, o Timão também viajará a Bogotá, na Colômbia, cuja distância é de 4 mil quilômetros. No total, o clube paulista fará um deslocamento de 20 mil quilômetros apenas na primeira fase da Libertadores.
Reclamação constante dos times brasileiros, o único que enfrentará altitude na primeira fase será o Santos, que jogará contra o Real Garcilaso na altitude de 3.300 metros de Cuzco, no Peru. Em 2014, o Cruzeiro jogou contra o mesmo time em Huancayo, que tem localização parecida, e perdeu de virada por 2 a 1. O técnico à época, Marcelo Oliveira, colocou a culpa no cansaço dos jogadores no segundo tempo por causa da altitude. Os clubes de La Paz, na Bolívia, porém, não encontrarão nenhum time do Brasil na primeira fase.
O maior deslocamento do Flamengo será ir a Guayaquil, no Equador, jogar contra Emelec, mas as cidades são bem conectadas por voos regulares. O Palmeiras também não terá dificuldades para chegar a Lima, no Peru, pegar o Alianza Lima.
Cidades fora do roteiro
Todos os anos a Libertadores da América também coloca no mapa do futebol cidades desconhecidas do continente: Em 2015, o tradicional Boca Juniors conheceu a pequena La Cisterna, no Chile, onde venceu o Palestino por 3 a 0. Na mesma edição, o Cruzeiro jogou contra os Mineros de Guayana na cidade de Guayana, na Venezuela, e o finalista Tigres, do México, levou Internacional e River Plate para conhecerem San Nicolás de los Garza, no nordeste mexicano.
Em 2016, o Corinthians enfrentou o Cobresal no estádio El Cobre, no meio do deserto do Atacama, na cidade de El Salvador, no Chile. No ano passado, a Chapecoense trouxe grandes clubes do futebol sul-americano para a pequena Chapecó, em Santa Catarina, e o Deportivo Capiatá levou o Junior Barranquila, da Colômbia, para conhecer a cidade de mesmo nome.
Em 2018, a Copa Libertadores conhecerá a cidade equatoriana de Manta, que possui um dos principais portos do país. O modesto Delfín, cujo símbolo é um golfinho pulando sobre uma bola de futebol, jogará o torneio continental pela primeira vez no grupo do Colo-Colo (CHI) e do Atlético Nacional (COL). “Queremos fazer história, mas também sabemos que jogar a Libertadores é um sonho”, afirmou o ex-zagueiro uruguaio Guillermo Sanguinetti, hoje treinador do Delfín.
O argentino Atlético Tucumán, que participará pela segunda vez seguida do torneio, também leva consigo a cidade do planalto do noroeste do país. A pouca experiência do clube na Libertadores, porém, não impediu o técnico Ricardo Zielinski de comemorar uma única coisa ao conhecer os adversários de grupo: “Está ótimo. Não teremos viagens longas.”