Como o futebol dos Estados Unidos transformou a vida de um torcedor brasileiro

Arthur: “Eu torcia para o Fluminense por conta da minha família, até que em junho de 2013 o time carioca disputou um amistoso contra o Orlando City. Embora o Orlando tenha perdido o jogo, eu fiquei apaixonado pelo time e adotei a equipe com meu segundo clube, mas foi algo muito forte e no final do ano adotei o Orlando City com meu único time. Na época, pouca gente conhecia o time. Em 2014, chegou o Kaká e tornou o time mundialmente conhecido, logo, trazendo mais torcedores. Em 2015, tive a oportunidade de conhecer a cidade de Orlando e me encantei mais ainda não só pelo time como pelo local. Quando voltei para o Brasil, me perguntei se não havia torcedores do time aqui, procurei na internet e achei 15 torcedores, criamos um laço forte uns com os outros e fiquei sabendo que um deles tinha uma fã clube não oficial aqui, resolvemos todos ajudar e montar uma torcida, que foi reconhecida oficialmente pelo clube como a primeira fora dos Estados Unidos. O Orlando City foi muito importante na minha vida pessoal, por me fazer bem, e na minha vida profissional, pelo fato de trabalhar na torcida. Inclusive realizei meu sonho que é trabalhar em uma equipe dos Estados Unidos, serei eternamente grato ao Boca Raton FC por essa oportunidade e por me receber de portas abertas.”

Arthur: “Eu sempre acreditei no potencial de todas as ligas, em especial a MLS e a USL (United Soccer League). Todas as ligas tem um enorme potencial, mas a MLS vem se desenvolvendo de uma forma rápida e eficiente, digo o mesmo para a USL, tanto que recentemente evoluiu na pirâmide do soccer. Quando comecei a acompanhar, eu acreditava que grandes nomes pudessem jogar nos Estados Unidos mas nunca na proporção de hoje em dia. Sempre tive essa opinião com base na história, afinal, grandes lendas do futebol já jogaram no país, como: Romário, Pelé, Franz Beckenbauer, Carlos Valderrama e entre outros. Na minha opinião, futuramente muitos outros grandes jogadores irão jogar nos Estados Unidos, muito provavelmente na MLS, no auge de suas carreiras.”

Arthur: “Acredito que o aspecto técnico das ligas irão evoluir ao longo do tempo, não será uma evolução do dia para o outro. Muitos jogadores de diversos países do mundo, famosos ou não, tem interesse em jogar em algum clube dos Estados Unidos. Eu afirmo isso, pois durante todo o meu dia de trabalho percebo muitas pessoas enviando mensagens nas redes sociais pedindo oportunidades, a grande maioria do Brasil. Na minha opinião, as contratações de estrangeiros são cruciais para o desenvolvimento técnico, afinal, a troca de experiência é muito importante para o desenvolvimento de qualquer jogador.”

FL: Sendo conhecedor como é do modelo de administração do soccer, ele “caberia” em algum outro país ou você simplesmente não consegue enxergar essa possibilidade?

Arthur: “Na minha opinião, alguns países deveriam se espelhar nos Estados Unidos, principalmente a China. A China está em crescimento, mas de uma forma pouco eficiente. Os chineses investem um dinheiro estrondoso nas contratações de estrangeiros, um dinheiro muito das vezes desnecessário, e pouco tempo depois os atletas procuram sair do cenário do futebol chinês. Os clubes da China deveriam se espelhar nas franquias norte-americanas nesse aspecto, eles precisam desenvolver os seus próprios jogadores e fazer boas negociações sem gastar muito.”

FL: Sobre o Orlando City, você acha que é chegado o momento da equipe estar nos playoffs ou ainda existe a necessidade de enriquecer a questão estrutural e de elenco?

Arthur: “Confesso que fiquei triste pela não classificação para os playoffs em 2016, pois foram falhas bobas. Ano passado, o Jason Kreis entrou no lugar do Adrian Heath um pouco tarde e não pode ajeitar muito a equipe ao seu estilo. Eu acredito que esse ano a classificação venha, pois o Orlando City está fazendo boas contratações, eu gostei muito da contratação do Victor Giro e do Will Johnson, mas não gostei da saída do Júlio Baptista. Acredito que nós torcedores brasileiros não devemos alfinetar o clube, devemos apoiar a equipe e da um voto de confiança no trabalho do Kreis. Estou ansioso para essa temporada, principalmente para a estreia do novo estádio.”

FL: Para você, qual o maior nome da história do futebol dos Estados Unidos?

Arthur: “Sem pensar duas vezes, afirmo que é o David Beckham. A chegada do Beckham desenvolveu bastante o futebol nos Estados Unidos, afinal, o Los Angeles Galaxy ficou conhecido mundialmente, a franquia também recebeu uma boa proposta de patrocínio da Herbalife e vendeu muitos produtos, assim como a MLS também ficou conhecida mundialmente. Além disso, a contratação do inglês gerou a criação da Lei de Beckham, onde acabou com o teto salarial das equipes, sendo assim, permitiu que as franquias pudessem contratar craques de nível mundial. O próprio Beckham foi o primeiro beneficiado dessa lei, que mudou o estatuto da MLS e através dela mais de 125 jogadores designados foram contratados pelas franquias em 10 anos. Sem dúvidas, o David Beckham é um dos maiores nomes na história do futebol norte-americano.”