Segundo um relatório elaborado pelas consultorias KPMG e Delta Partners de FTI, a proposta da FIFA de realizar a Copa do Mundo a cada dois anos pode gerar à Uefa e às principais ligas do futebol mundial um prejuízo de 8 bilhões de euros, equivalente a R$ 50 bilhões. O estudo revela que o dano financeiro será resultado de perdas em direitos de transmissão, acordos comerciais e dias de jogo por temporada.
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Desde maio de 2021 quando as análises da entidade iniciaram para mudar a periodicidade do torneio, a decisão gerou polêmica e começou a repercutir no meio futebolístico. Recentemente, o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, em entrevista ao jornal The Times, já havia se posicionado contra o projeto. Porém, houve figuras relevantes do futebol que se colocaram a favor, caso de Pep Guardiola, treinador do Manchester City. Segundo a Manchester Evening News, o comandante espanhol disse que “seria bom e não se pode criminalizar esse tipo de ideias”.
O responsável por liderar este projeto é Arsene Wenger, ex-técnico do Arsenal e hoje Diretor de Desenvolvimento de Futebol na FIFA. Ao jornal esportivo L’Équipe, o francês admitiu que as propostas trabalhadas até o momento não têm como principal finalidade os fins econômicos, mas sim a melhora da qualidade das partidas e a frequência das competições.
Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo, explica que, apesar da declaração de Wenger, há sim interesses financeiros por parte da entidade.
“A Copa do Mundo de seleções é o trem pagador da FIFA. Sem ela, a entidade teria enormes dificuldades em se sustentar. Obviamente, aumentando a periodicidade a receita também aumentaria, o que por consequência leva ao aumento do poder financeiro da FIFA e da capacidade de distribuir recursos às federações nacionais”, esclarece.
Carlezzo ainda caracteriza a proposta da Fifa de realizar o mundial a cada dois anos como esportivamente descabida e totalmente injustificável:
“Isso faz menos sentido ainda quando sabemos que existe um calendário de jogos que atualmente já é complicado e é danoso para os clubes. Se isso realmente sair do papel, será muito prejudicial aos clubes. Seria o mundial de seleções a cada 2 anos um contragolpe da FIFA na UEFA? O jogo que está sendo jogado nos bastidores é pesado e não está claro para onde rumam estas competições.”