Darío Pereyra, uma das maiores lendas do futebol uruguaio e ídolo do São Paulo Futebol Clube, bateu um papo com a equipe do Futebol Latino e abriu o jogo. Falou sobre a carreira de treinador, momento do futebol celeste, briga entre Peñarol e Palmeiras, Libertadores da América, São Paulo e a distância da terra natal. Confira abaixo o bate-papo que promete te agitar o mundo da bola:
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Futebol Latino: Darío, como você enxerga essa polêmica entre AUF e Seleção Uruguaia?
Darío Pereyra: Não estou muito por dentro do que acontece nos bastidores. Desde a morte dos meus pais não voltei mais ao Uruguai e acho que é injusto emitir opinião sobre algo que não estou envolvido.
FL: O que acha desse momento delicado do Uruguai nas Eliminatórias? Acha que a Celeste garante vaga na Copa do Mundo sem a repescagem?
DP: Se não tiver sufoco não é o Uruguai. A seleção começou muito bem, mas teve uma queda nos últimos jogos. Nunca é fácil para a Celeste garantir uma vaga no Mundial e acho que esse ano não será diferente. Na minha visão, o Uruguai tem bons jogadores, como, por exemplo, Suárez, Godín e Cavani, mas quando eles estão fora por suspensão ou lesão o nível cai muito e o time tem dificuldade de jogar.
FL: Se após a Copa do Mundo, o Oscar Tabárez deixar o cargo, quem tem a capacidade para assumir a seleção do Uruguai?
DP: Hoje em dia ninguém. Ao longo dos anos o Tabárez desenvolveu um trabalho extremamente positivo e até conquistou a Copa América em 2011. Não conseguimos produzir ninguém no Uruguai para substituí-lo.
FL: Por que o futebol uruguaio não consegue chegar à reta final dos torneios continentais?
DP: O maior problema do futebol celeste é financeiro. Atualmente as equipes não têm dinheiro para segurar seus principais jogadores e por muitas vezes perdem o talento na categoria de base. Claro que esse cenário não é exclusividade do Uruguai, a Argentina e o Brasil também sofrem com isso, mas a curto prazo não vejo nenhuma solução que possa mudar o panorama.
FL: Como você viu a confusão entre Peñarol e Palmeiras na Libertadores?
DP: No futebol atual as pessoas gostam muito de falar antes de o jogo começar e isso está errado. Os jogadores precisam focar mais no gramado do que nas entrevistas. O Felipe Melo comentou algumas coisas na sua apresentação e mexeu com os jogadores do Peñarol. Ninguém gosta de perder e a briga foi só uma conseqüência de tudo o que rolou antes do confronto.
FL: Acredita que o Nacional tem chances de tirar o Botafogo na Libertadores?
DP: É um confronto extremamente difícil de apontar um favorito. O Nacional fez boas partidas no ano assim como o Botafogo e o equilíbrio será muito grande nos dois confrontos. Então prefiro não me arriscar e errar o palpite, mas ficaria feliz com a classificação do Nacional (risos).
FL: Você tem uma história fantástica dentro do São Paulo, como enxerga o momento do clube e o Rogério Ceni de técnico?
DP: O que eu falei sobre a crise financeira no futebol uruguaio vale para o São Paulo, que precisa vender jogadores para pagar as dívidas. Eu imagino a cabeça do Rogério, que toda semana tem uma surpresa e precisa quebrar a cabeça para mudar o time. É muito difícil de trabalhar assim e fico na torcida para que ele consiga ajeitar o time e subir na classificação do Campeonato Brasileiro.
FL: Você ainda pensa em voltar a trabalhar ou podemos considerar que você está aposentado?
DP: Eu dei uma parada para reciclar as ideias e estudar um pouco mais. Hoje em dia o futebol brasileiro passa por muita crise financeira e longe dos clubes grandes você encontra muita dificuldade com falta de salário e estrutura. Então vamos analisar se chegar uma proposta e estudar com carinho para voltar ao mundo da bola.
FL: Em 2003, o Paysandu conquistou uma épica vitória contra o Boca Juniors e você era o técnico, conte um pouco mais sobre a preparação para o jogo na La Bombonera?
DP: Foi uma partida especial, pois contávamos com jogadores experientes no elenco, como o Iarley e Robgol. Então viajamos alguns dias antes para a Argentina, levamos o time na La Bombonera e trabalhamos muito o psicológico dos atletas. A prova que eles estavam preparados foi o futebol consistente que apresentamos diante de uma das maiores equipes da América. Uma pena ter perdido a vaga dentro de casa no jogo da volta.
FL: Em 1986 você disputou uma Copa do Mundo, qual a sensação de jogar uma competição tão importante como essa?
DP: Disputar um torneio como a Copa do Mundo é fantástico. Você é tratado como rei e além disso representa o seu país, que é uma honra sem tamanho. É um dos momentos que mais guardo com carinho na minha carreira e me orgulho dessa passagem pela seleção uruguaia.