*Por Agência Conversion
Delfín Sporting Club é o nome completo da equipe mais particular, estranha e desconhecida que jogará a edição deste ano da Copa Libertadores da América. Os motivos sobram para justificar essa descrição: Foi fundado há apenas 28 anos, em 1989, na cidade litorânea de Manta, no Equador, e até 2014 participava da terceira divisão do futebol local. No ano passado, o diário argentino Olé afirmou que o time tem o “melhor nome da Libertadores”.
O clube, que tem um golfinho no escudo, será o debutante do torneio mais importante do continente, integrando o Grupo 2, que tem ainda o Atlético Nacional, campeão de 2016, o Bolívar e o Colo-Colo. “Vamos para fazer mais história”, publicou a conta do Delfín no Twitter após conhecer seus adversários no campeonato sul-americano.
No entanto, nem sempre foi assim: Já em 1990, após uma ótima campanha nas séries inferiores, o Delfín – criado a partir da fusão entre dois times de bairro, um chamado Delfín e outro batizado de 9 de Octubre – chegou à elite do futebol equatoriano, onde permaneceu até 1996. Naquele ano, iniciou um período de crise que o levou à terceira divisão em 2008.
De lá para cá, o clube foi se erguendo gradativamente e, pelas mãos do técnico uruguaio Guillermo Sanguinetti (ex-zagueiro do Gimnasia La Plata, da Argentina) e com um plantel integrado por uma maioria de jogadores equatorianos, o time fez história ao chegar às finais da primeira divisão equatoriana, perdidas para o Emelec, no ano passado. Nas semifinais, chegou a golear a poderosa LDU por 4 a 1.
Durante a temporada, o clube viveu uma situação atípica: Quando o distribuidor dos uniformes faleceu, a diretoria não tinha onde comprar novos uniformes para a disputa do campeonato nacional. A loja oficial do Delfín precisou fechar as portas por falta de camisetas e o time precisou correr para encontrar outro fornecedor. Segundo uma reportagem do diário equatoriano El Comercio, por alguns meses encontrar o manto do “Cutáceo” foi tarefa quase impossível.
Disputando suas partidas no acanhado estádio Jocay, com capacidade para 17 mil torcedores, poucos jogadores eram de fora do Equador na equipe de 2017: Exceção feita ao venezuelano John Chancellor, ao paraguaio Francisco Silva e aos uruguaios Matías Duffard e Cristián Malán. O grande destaque do ano foi o meia-atacante Carlos Garcés, de 27 anos, que veio do Atlante após uma temporada brilhante pelo Deportivo Cuenca.
Também brilhou as estrelas do atacante Roberto “Tuca” Ordóñez, que chegou a ser convocado para a seleção equatoriana para duas partidas das Eliminatórias da Copa, no ano passado, e do próprio zagueiro venezuelano Chancellor, que também faz parte do selecionado do seu país e que foi vendido ao Anzhi (Rússia) neste mês.
Reforços
Para disputar a Copa Libertadores, o Delfín já se movimenta no mercado sul-americano: Nas últimas semanas, o clube anunciou a contratação do zagueiro uruguaio Rodrigo Cabrera, oriundo do Fênix, e do seu conterrâneo Bruno Piñatares, volante que atuava no River Plate do Uruguai e que teve uma passagem pela Portuguesa. Além deles, desembarcou em Manta o meia-atacante paraguaio Iván González, do Rubio Ñu, que já jogou no Atlético Paranaense e no América-RN.
A cidade
A partir de Quito ou Guayaquil, as duas principais cidades equatorianas, não é difícil encontrar passagens aéreas para Manta: A capital da província de Manabí está a 50 minutos de voo da primeira e a três horas de carro da segunda.
Com cerca de 217 mil habitantes, ela é conhecida no país por abrigar um dos maiores portos da região – o que lhe concede certa importância econômica. Desde 2016, a estrutura portuária colocou Manta na rota internacional dos cruzeiros, que costumam ir da Colômbia até o Chile e passam por ali com frequência.
Também é destino comum dos turistas equatorianos atrás de praias limpas, como a famosa El Murciélago, e vida noturna. A gastronomia também é distinta das outras partes do país, tanto que o governo passou a investir em pequenos cozinheiros e proprietários da região para aumentar os retornos turísticos. Com o Delfín na Libertadores, a pequena cidade equatoriana definitivamente entrou no mapa do continente.