Crônica FL: Fábio e o retrato de quando a razão se torna frieza

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Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

O modelo de administração constantemente abreviado pela sigla SAF (Sociedade Anônima do Futebol) surgiu como uma luz no escuro túnel das infindáveis dívidas que assolam clubes de menor e maios expressão no Brasil. Há quem as controle melhor e outros que se tornam absolutos reféns das mesmas.

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No caso do Cruzeiro, o cenário devastado ganhou nova cor (ou melhor, tornou o azul ainda mais celeste) com a aquisição de Ronaldo. Mesmo com a incerteza sobre em que velocidade se dará a recuperação, a expectativa de uma nova abordagem e vinda de uma face conhecida do torcedor é, naturalmente, digna do sentimento de renovação.

Mas a renovação veio de maneira dolorosa, tocando justamente no ponto onde o torcedor que mais apoia se torna o maior inimigo: seus ídolos.

As conquistas, o patrimônio, a história, costumes, cantos, ações, emoções… tudo isso passa direta ou indiretamente pela ação dos ídolos. E, certamente, Fábio foi protagonista (ou um dos principais participantes) de incontáveis momentos dessa linha no Cruzeiro.

Tentar dissociar a imagem do arqueiro com o clube mineiro é tão desnecessário quando inconsequente. Não há como. Fábio é o Cruzeiro. Ele sente o Cruzeiro. Ele vive o Cruzeiro. No seu auge e na sua queda, no sentido mais literal possível.

Segundo as palavras do próprio atleta, nem mesmo a opção de reduzir o salário nos padrões desejados pela atual administração foi aceita. Como imaginar uma realidade onde a figura mais icônica do clube nas últimas décadas (quiçá na história cruzeirense) esteja disposto a viver a realidade praticamente imposta.

Dito isso, se faz necessária um posicionamento para esclarecer os termos que fizeram os atuais “donos” do clube a tomarem tal decisão. Não seria o caso de abrir números, evidente que não. Mas trazer argumentos. Técnicos, financeiros, seja lá de qual ordem for. Mas eles precisam aparecer.

Do contrário, a única imagem disponível será a de um clube que “apenas” dispensou um de seus titãs e não o deu a oportunidade de escolha. Situação essa onde se pode cravar que a razão se torna frieza.

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