*Por Gustavo de Moraes
Lucas Monzón, é zagueiro, tem 19 anos e possui uma história no mínimo diferente. O jovem saiu do Brasil com cinco anos de idade e foi para o Uruguai, sendo mais específico para o município de Rio Branco, ao norte do país celeste.
Para explicar melhor essa história, a família dele é uma mistura de uruguaios e tupiniquins. Ele nasceu em Jaguarão, no Rio Grande do Sul, que fica na divisa com o país vizinho. Então, o Uruguai sempre fez parte da vida dele. Por influência também do pai que é uruguaio, e por ter ido para lá ainda criança.
Em uma conversa com o Futebol Latino, Lucas contou um pouco mais sobre sua trajetória e também todos os sacrifícios que já passou.
“Sai de Rio Branco com 13 anos e fui para Montevidéu sozinho para realizar um período de uma semana de testes no Peñarol, acabei não passando. Eu estava indo embora para casa, e eu tinha um amigo que estava em Montevidéu, e me perguntou se eu não queria ir para outro time, eu já estava com a passagem para Rio Branco em mãos, e ele disse pra mim devolver a passagem e me falou que eu iria para outro time. Fui correndo e devolvi a passagem, logo depois ele me buscou na rodoviária, fiquei na casa dele em Montevidéu e fui para o Juventud pouco tempo depois”, afirmou.
Como nem tudo são flores, principalmente para a maioria dos jovens que sonham em ser jogador de futebol, para Lucas a dificuldade não foi diferente. Como não havia aporte financeiro por parte do pequeno clube na época do Juventud, e ainda distante da família, o jovem relembra das dificuldades em que passou até chegar ao Danubio.
“Graças a Deus conheci uma família aqui em Montevidéu que me ajudou muito, se não fosse por eles eu não estaria aqui hoje”, disse o atleta.
A família em que ele se refere é a família da namorada, que ajudou ele nesse período difícil longe de casa. Os pais da Jessica Mendez, que é a namorada do Lucas, alugou uma casa pequena para ele dividir com outros atletas de equipe que também passavam pela mesma situação.
Antes de conhecer Jessica, Monzón morou em uma casa em que um empresário local tinha arrumado para ele e para demais atletas, e conta que as dificuldades eram ainda maiores. Eles não tinham ajuda nem do clube, nem do suposto empresário na época.
“Tinha situações em que íamos andando para o treino por não ter dinheiro da passagem, o local em que treinávamos era longe. Teve dias que não tínhamos o que comer, foi um momento muito difícil”, desabafa o jogador ao relembrar o passado.
A cidade em que Lucas morava era distante da capital uruguaia, aproximadamente 400 km. Então, quando o jogador chegou em Montevidéu, ele era sozinho juntamente com outros rapazes que compartilhavam o mesmo sonho.
O jovem chegou ao Danubio através de um outro empresário que viu o zagueiro atuar em uma competição de juniores, e o levou escondido para um teste na equipe do Diluvio.
De lá pra cá, a vida do gaúcho mudou e o defensor coleciona partidas regulares na equipe titular. Devido as boas passagens na equipe principal e a pouca idade do atleta, surgiu a convocação na seleção sub-20 do país vizinho.
“Foi um momento lindo que o jogador passa. Nesse momento eu ainda estava entrando para o profissional do Danubio. Faltava um zagueiro esquerdo para completar a seleção sub 20, e foi quando eu tive a convocatória. Foi um momento inesquecível”, afirma o zagueiro emocionado.
Por conta da pandemia, o governo uruguaio tomou medidas restritivas e não houve partidas oficiais e nem amistosos contras outras seleções quando o zagueiro foi convocado, em outubro.
Aproveitando que o assunto estava em seleção, resolvemos questionar a hipótese de Monzón, ter que escolher entre a seleção brasileira e a celeste.
“Pergunta complicada – disse o jogador sorrindo – mas logo completou, ficaria com o Uruguai. Como já estou aqui desde os cinco anos, é difícil ir para outra seleção né? Seria lindo. Mas, a seleção uruguaia é especial”, finalizou.
Lucas, juntamente com a equipe do Danubio, encara nesse sábado (13), o Nacional, pelo campeonato uruguaio, às 16:30. O Diluvio não vive um bom momento e briga contra o rebaixamento.