Situação que parecia apenas carecer de uma confirmação, o Cruzeiro teve de maneira formal decretado o primeiro rebaixamento dos seus 98 anos de história confirmado no último domingo (8) ao perder por 2 a 0 do Palmeiras no Mineirão pela última rodada do Campeonato Brasileiro. Uma situação que, por si só, já tem contornos de absoluta tristeza para o torcedor que jamais havia vivido esse tipo de situação, ainda mais pensando no fato de que esse mesmo elenco vinha de duas conquistas nacionais como a Copa do Brasil entre 2017 e 2018.
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Todavia, a chegada do time Celeste ao ponto em que ele se encontra não foi estruturada da noite para o dia, muito pelo contrário. Nem mesmo nos pontos altos dos últimos anos a administração do clube mineiro esteve salva de já tomar atitudes as quais foram dignas de alerta por falta de sustentabilidade e que, mediante ao atual cenário, tornam o necessário processo de retomada uma missão ainda mais árdua.
Pensando nisso, o Futebol Latino elencou quatro pontos que deixam as previsões de curto e médio prazo ao torcedor do Cruzeiro um verdadeiro emaranhado de pensamentos preocupantes e, porque não, nebulosos.
Crescimento descontrolado da dívida
O status de ser um clube com dívidas não é privilégio do time de Belo Horizonte, mas o mesmo passou nos últimos nove anos, em duas oportunidades, por um inchaço de gastos que trouxeram importante resultados esportivos de nível nacional (duas edições do Brasileirão e duas vezes a Copa do Brasil) com sustentabilidade duvidosa.
Tamanho é o problema adquirido pelo clube nesse sentido que a última informação é de que o patamar da dívida total do Cruzeiro chegou a marca de R$ 700 milhões. Número esse que, levando em conta o último levantamento oficial, estaria como o segundo maior do Brasil estando atrás somente do Botafogo que acumula R$ 730 milhões.
Verba reduzida estando na Série B
Em temporadas anteriores onde clubes de grande tradição no cenário nacional como Palmeiras, Grêmio e Atlético-MG passaram pela queda, a negociação em relação a cotas televisivas conseguia manter valores mais próximos dos ganhos na elite mesmo estando na Série B. Algo que o Cruzeiro não se beneficiará.
Já em 2019 a receita nesse quesito foi dividida de maneira igualitária entre os 20 participantes considerando o montante de R$ 176 milhões entre direitos vendidos a Rede Globo e para emissoras internacionais, algo que daria a cifra de R$ 8,8 milhões para cada clube em valor bruto. Como existe um “desconto” em relação a financiamento de logística do torneio, o recebimento final ficou em R$ 6,7 milhões.
Para se ter uma ideia do tamanho que tem essa política nos atuais termos do Cruzeiro, a informação do jornalista Rodrigo Capello, do Grupo Globo, é de que haja um decréscimo de R$ 70 para R$ 10 milhões em recebimentos considerando antecipações de cotas feitas em 2018 e 2019.
Folha salarial inchada
Dentro da já citada realidade de políticas onde salários altos são pagos a atletas esperando que as conquistas rendam um prêmio capaz de arcar com os compromissos feitos “por conta”, a atual remuneração mensal do clube se torna outro empecilho no processo de saneamento financeiro.
A informação do portal Fox Sports, mais precisamente do jornalista Leandro Quesada, fala em um patamar de mais de R$ 14 milhões mensais em atletas com rodagem considerável no futebol como Dedé, Thiago Neves, Fred, entre outros.
A FOLHA DE PAGAMENTO do Cruzeiro é um tapa na cara da “sociedade futebolística brasileira”. Nunca, um time com tal custo, poderia ter feito tão pouco. Para preservar os nomes dos jogadores, não citarei nenhum deles. Veja como são pagos quase 15 milhões de REAIS/mês ao elenco: pic.twitter.com/DXVGEuUZhG
— ⚽️Leandro Quesada®️ (@leandroquesada) December 9, 2019
Caso Willian pode render perda de pontos
Como se não bastasse a desordem financeira, uma questão de alguns anos envolvendo a chegada do atacante Willian Bigode ao Cruzeiro em 2014 proveniente do Metalist (Ucrânia) pode ainda render perda de pontos a equipe Celeste na temporada 2020.
Isso porque o caso foi levado a Corte Arbitral do Esporte (CAS) pelo também ucraniano Zorya, clube que herdou o que é chamado de “massa falida” do Metalist, onde os direitos do atleta hoje no Palmeiras estão inclusos. Assim, em caso de inadimplência dos mineiros, para a próxima edição da Série B existe a real possibilidade da equipe começar a competição com seis pontos a menos.