Depois de confirmada a punição por três partidas dada pela Football Association (FA) ao atacante uruguaio do Manchester United, Edinson Cavani, diversas manifestações em defesa do atleta tem surgido.
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Além da Academia de Letras do Uruguai, quem também se manifestou em comunicado foi a Associação de Futebolistas do Uruguai (AFU) no último domingo (3) que foi compartilhada por figuras como, por exemplo, Diego Godín e Luis Suárez, companheiros de longa data na seleção uruguaia. Posicionamento esse onde, logo no início, a pena dada para o jogador foi bastante criticada e taxada como “arbitrária”.
A nota ainda indica que houve um “etnocentrismo” no quesito de interpretar apenas de uma maneira a expressão dita pelo jogador, alegando que esse tipo de interpretação da expressão feita pela entidade inglesa, sim, é “um verdadeiro ato discriminatório e racista”.
Por isso, a AFU ainda encerra pedindo “a imediata revisão da pena aplicada” pensando na restauração “do bom nome e da honra” de Cavani que teriam sido “manchados pelo ato repreensível” da Football Association (FA).
Confira a nota da Associação de Futebolistas do Uruguai na íntegra:
Os que assinam abaixo, membros da Associação de Futebolistas de Uruguai (AFU), integrados tanto pelo setor profissional como amador, masculino e feminino, integrando suas distintas modalidades, diante da sanção imposta pela Federação Inglesa de futebol ao nosso companheiro Edinson Cavani, queremos manifestar o seguinte:
Em primeiro lugar, queremos denunciar a arbitrariedade da Federação Inglesa de Futebol. Longe de realizar uma defesa contra o racismo, o que cometeu a Federação Inglesa de futebol é um ato discriminatório contra a cultura e a forma de vida dos uruguaios. A sanção revela uma visão enviesada, dogmática e etnocentrista que não admite mais do que a leitura que se quer impor desde a sua particular e excludente interpretação subjetiva, por mais equivocada que seja.
Edinson Cavani nunca cometeu um ato que possa ser interpretado como racista. Simplesmente usou uma forma de expressão coloquial em nossa língua para referir-se carinhosamente a um ser querido, a um estimado amigo. Pretender que a única forma de interpretação válida na vida seja a que está na cabeça dos dirigentes da Federação Inglesa de futebol supõe, sim, em um verdadeir ato discriminatório, totalmente reprovável e contra a cultura uruguaia.
Queremos, portanto, defender publicamente a figura irretocável de Edinson Cavani e, logicamente, a cultura de nosso país. Todos estamos contra qualquer forma de discriminação. Mas, lamentavelmente, a Federação Inglesa de futebol expressa através de sua sanção uma total ignorância e desprezo por uma visão multicultural do mundo, respeitando a pluralidade, errando na aplicação unilateral e rígida de suas regras antirracistas cujo fundamento apoiamos, mas que, em todas as análises, não são aplicáveis ao caso em questão. Não se condena uma pessoa, mas sim a nossa cultura, nossa maneira de viver. Isso sim é discriminatório e racista.
Por último, exortamos a Federação Inglesa de futebol que revisem com urgência seus processos de tomada de decisões em relação a essas decisões para não cometerem nunca mais uma injustiça semelhante. Sua normativa deve ter em conta a pluralidade da forma de viver e de cultura das pessoas. A primeira regra para lutar contra o racismo é o respeito por tais formas de viver e tais culturas.
Por todo o exposto, pedimos a FA que proceda de forma imediata a retirar a sanção imposta a Edinson Cavani e restaure frente ao mundo seu bom nome e honra, injustamente manchada com essa reprovável decisão.