Após o fim da maior competição de base do país (Copa São Paulo de Futebol Júnior), muitos atletas se divergem em relação ao próximo passo na carreira. Uns almejam a subida imediata ao elenco profissional, outros terão de atingir a estabilidade no Sub-20 por mais algumas temporadas ou mesmo precisarão buscar outros clubes. Apesar de alguns jogadores já pintarem como futuros craques, especialistas na base ressaltam que o processo ainda é longo para uma carreira consolidada. Existindo, inevitavelmente, um processo de maturação a ser respeitado para a formação do jovem para o futebol profissional.
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Poucos anos depois de um título na base, é possível destacar no elenco jogadores que já se aposentaram, trabalhando até em outras áreas de fora do esporte, ou estrelas que estão brilhando nos campeonatos mais competitivos do futebol mundial. A dupla Gabriel Martinelli e Antony chama a atenção pelo curto espaço de tempo em que disputaram a Copa São Paulo e foram convocados para a Copa do Mundo. Em 2019, os pontas se destacaram no campeonato, logo se firmaram na categoria principal e foram jogar na Europa. No caso do ex-Ituano, o velocista ficou menos tempo no Brasil, chegando na Inglaterra no mesmo ano.
Já Antony chegou a disputar uma temporada inteira pelo São Paulo até ser vendido para o Ajax, no primeiro trimestre de 2020. Na Holanda, chamou a atenção de Tite e passou a ser convocado para a Seleção Brasileira. Em agosto do ano passado, Antony foi vendido ao Manchester United por 100 milhões de euros (R$ 504 milhões na época).
“O Antony sempre se destacou na base e teve uma transição tranquila para a equipe principal. Desde que foi jogar na Europa, vem um processo constante de crescimento tático e físico, o que possibilita ao jogador ganhar mais espaço em ligas como a Premier League, em que duelos corpo a corpo são mais frequentes. É uma ascensão extremamente rápida, mas que coloca em prática todo o potencial que ele sempre demonstrou”, conta Júnior Chávare, Gerente de Futebol do Juventude e ex-diretor das categorias de base do São Paulo.
Penúltimo campeão do torneio, o Internacional, que venceu o clássico Grenal na final, é visto como uma das referências no aproveitamento de atletas da base no elenco principal. Do time que venceu a final no Pacaembu, Caio Vidal (atacante), foi o que mais atuou no profissional, com 73 partidas, e está emprestado ao Bahia até junho desta temporada. No meio de campo, Lucas Ramos cresceu com a chegada de Mano Menezes e renovou o contrato com o Colorado até 2025. Já Praxedes, titular durante a campanha, rendeu mais de R$ 35 milhões aos cofres do clube gaúcho em negociação com o Bragantino.
“A Copinha é um torneio preparatório e que ajuda a encurtar este processo de transição para o time principal. Nos últimos anos, temos realizados trabalhamos internos para reduzir a média de idade de equipe Sub-20, mas é um projeto a médio prazo, que também visa construir um caráter vencedor nos jogadores e consolidar o processo de hierarquia para ascender a outras categorias”, conta Gustavo Grossi, Gerente das Categorias de Base do Internacional.
Nesta etapa de crescimento do atleta, os assédios extracampo também aumentam, seja por parte por pressão da torcida, empresários e mensagens em redes sociais. Para Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo e sócio da Wolff Sports, este cuidado é essencial para os jogadores e deve se tornar cada vez mais importante nos próximos anos:
“Os atletas precisam pensar na construção de uma imagem sólida perante ao mercado, com inspirações e estratégias pré-definidas. No caso do Endrick, pensamos em construir parcerias duradouras, sempre com um storytelling que justifique a exposição comercial. Ainda mais nessa fase, tudo tem que ser feito com o máximo de cuidado possível, preservando a imagem do jogador.”