Análise: futebol boliviano profissional vive dias de caos absoluto

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Foto: Carlos López

Nos últimos anos, com raras exceções, nos acostumamos a ver o futebol boliviano tanto em nível de clubes como também na sua seleção exercer papel unicamente de coadjuvante. Situação, aliás, bem distante do que brilhantes gerações como a campeã na Copa América dos anos 60 (mais precisamente em 1963) ou mesmo aquela que levou La Verde a Copa do Mundo de 1994 conseguiram.

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Além da falta de resultados esportivos, o que assusta mediante a evolução de outros países da América do Sul e mesmo da América Central e do Norte é a quantidade de notícias impactantes no sentido negativo que surgem do país. Demonstrações claras de um cenário administrativo aterrorizante ao ponto de, em diversos momentos, apresentar deficiências até mais claras do que a Venezuela e seus reconhecidos problemas econômicos e sociais dos últimos anos.

Não foram poucas as oportunidades em que a FABOL (Futebolistas Agremiados da Bolívia) nos últimos anos paralisaram as atividades no Apertura e Clausura local alegando atrasos salariais e prolongamentos de dívidas quase que “a perder de vista”, algo por si só já extremamente inaceitável. Em todos os casos, aliás, envolvendo equipes da elite.

Entretanto, principalmente no segundo semestre de 2019, esse tipo de denúncia acabou entrando em segundo plano mediante a enxurrada de informações que deixam o panorama ainda mais tenso como, por exemplo:

– Acusações de suborno feitas por três integrantes do Sport Boys (o presidente, Carlos Romero, o vice, Clíver Rocha, e até mesmo o treinador Víctor Hugo Antelo) em relação a um jogador que disputa a primeira divisão, o atacante do Always Ready, Carlos Alberto Suárez. O mesmo se defendeu em recente entrevista dizendo que tudo não passava de uma armadilha;

– Outra denúncia, feita dessa vez pelo presidente do Destroyers, Carlos Blanco, falava em ter recebido uma proposta de 15 mil dólares (R$ ) para combinação de resultados. A investigação sobre o caso, sob responsabilidade da Força Especial da Luta Contra o Crime (FELCC), não avançou.

– As equipes da região de Santa Cruz de la Sierra (Blooming, Destroyers, Oriente Petrolero e Royal Pari) se negaram a jogar suas partidas na última rodada esperando o esclarecimento de todas as questões sobre possíveis impugnações de resultados. Forçando, com isso, o remanejamento de datas.

– Figuras pesadas do futebol boliviano, como Oriente Petrolero (o recém aposentado Ronald Raldes) e The Strongest (María Inés Quispe Salinas, esposa do atual presidente da Federação Boliviana de Futebol, César Salinas), estão sendo acusados de promoverem eleições onde os candidatos contemplados com a vitória não cumpriram com os estatutos dos respectivos clubes.

Isso tudo sem contar com fatos, no mínimo, “embaraçosos” dentro das quatro linhas como os que passaram o Destroyers, sem camisa reserva para seu goleiro frente ao Aurora, ou a improvisação com fita adesiva do San José por não ter um uniforme com a camisa de número 30.

São fatos assim que, pensando no presente e no futuro a curto prazo, fica difícil imaginar um cenário frutífero ao problemático futebol boliviano.

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