Com a aproximação do final do Campeonato Brasileiro, os ânimos se acirram. Torcedores vão do céu ao inferno em poucos segundos. Nesse clima, cabe a nós que analisamos futebol mostrar como as coisas realmente são, sem que as paixões tomem conta de tudo.
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Já há algumas semanas eu tenho dito que o São Paulo só perde o título se o jóquei cair do cavalo. Nas últimas rodadas o jóquei deu uma balançada, mas não caiu ainda. A vantagem continua sendo do time de Fernando Diniz, mesmo porque, nada garante que os rivais vão continuar ganhando todos os seus jogos e o São Paulo vai continuar perdendo. Oscilações são normais. O São Paulo não havia oscilado ainda. A hora da turbulência chegou. Cabe ao piloto segurar o avião lá em cima administrando os problemas.
Diniz não é nem um gênio, como lhe tratam quando o time ganha, nem uma besta, como lhe tratam quando o time perde. É um bom profissional, com métodos muito próprios e que pode ainda ser o campeão. A perda de Luciano nos últimos jogos abalou o time. Mas não é só isso. A ansiedade de ganhar um título tão perseguido está atrapalhando também. Por isso tudo é que o treinador tem que mostrar o seu valor agora, não deixando a peteca cair de vez.
Ganhando hoje do Red Bull Bragantino, como se espera, o Atlético-MG passará a ser o maior perseguidor do São Paulo. Poderá chagar a diferença de apenas um ponto do líder, embora não haja mais o confronto direto. Pelos investimentos que fez e pelo fato de jogar só uma competição, há muito tempo o Galo tem até uma certa obrigação de ganhar o título. Mas as maluquices do seu treinador podem impedir que isso aconteça.
O Internacional subiu muito nas últimas rodadas. O trabalho de Abel Braga, que alguns incautos diziam estar superado, é notável. Assumiu após Coudet abandonar o clube, enfrentou instabilidades, mas conseguiu segurar o touro na unha. O que pesa contra as chances coloradas é que o time tem muitas limitações. No último domingo (10), a pressão feita pelo Goiás, um dos lanternas da competição, foi muito forte. O próprio Abel Braga revelou ter ficado irritado com as
chances que seu time ofereceu ao adversário. Numa reta final, situações como essas podem comprometer.
O Palmeiras também tem ainda as suas possibilidades. A grande dificuldade é a divisão do foco com outras duas competições. Talvez até três, se o time for ao Mundial. O elenco é forte. Opções não faltam. Mas a questão psicológica é muito importante. É muito difícil disputar tantas competições simultâneas num nível tão alto como é necessário.
O Grêmio é outro que está na parada. Como a Copa do Brasil só terá suas finais daqui a um mês, o time de Renato Gaúcho tem potencial para uma arrancada final. A dificuldade maior, no caso, é a pontuação mesmo. Para ser campeão, o Grêmio tem que ganhar todos os seus jogos e torcer contra os oponentes. Não é fácil.
Deixei o Flamengo para o final não foi por acaso. Que decepção! O melhor elenco do Brasil, dirigido por um dos técnicos mais promissores, não consegue ganhar de ninguém. Tenho ouvido por aí que os jogadores não compraram as ideias de Rogério Ceni. Mas então os caras só jogam quando eles compram as ideias do treinador? Não têm eles a obrigação de se apresentar sempre na plenitude, não importa quem esteja a comandá-los no banco de reservas?
Você aí, trabalhador, que encara um trem lotado às 5 da matina para não chegar atrasado, só rende no trabalho se comprar as ideias do chefe?
A grande verdade é que está na cara que os jogadores do Flamengo largaram, que a dedicação dos tempos de Jorge de Jesus ficou no passado, que ninguém quer nada com a hora do Brasil. O técnico tem lá sua culpa, por não conseguir mais arregimentar a dedicação dos atletas. Mas a maior responsabilidade é dos próprios
jogadores, que jogam quando querem.
E a bola segue rolando. Nada definido.