*Por José Calil
Quem me acompanha sabe que eu sempre fui contra arbitragem de vídeo no futebol. Não precisa ser nenhum gênio para perceber que esse tipo de tecnologia não cabe na modalidade. Confesso, entretanto, que nem nos meus piores pensamentos eu esperava que as coisas chegassem ao ponto que chegaram.
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Futebol não é vôlei, nem tênis, muito menos natação ou atletismo. Não basta verificar se a bola caiu dentro ou fora, se o atleta esbarrou ou não na rede, quem bateu primeiro na borda da piscina, quem rompeu primeiro a fita de chegada. No futebol existe interpretação, intenção, interferência, conceitos absolutamente impossíveis de serem atestados por uma imagem de TV.
A atitude do goleiro do Botafogo, que fez picadinho do VAR em pleno gramado do Engenhão, não pode ser elogiada. Mas ela tem uma simbologia. É o protesto de alguém que treina, se dedica, se entrega e sempre acaba derrotado por escolhas políticas que olham, unicamente, a cor da camisa.
O que aconteceu na Vila Belmiro, então, chega às raias do sobrenatural. Em dois lances demoraram 11 minutos para não chegar a nenhuma conclusão e decidir em favor do mesmo beneficiado de sempre. Não é possível uma coisa dessas.
É uma pena que estejamos no Brasil. Aqui, nenhum dirigente quer moralizar a situação, dar credibilidade ao produto. Todos querem apenas ganhar, não importa a que preço. Quem é prejudicado hoje não luta para que ninguém mais seja prejudicado e sim, apenas, para ser o beneficiado de amanhã. É assim que funciona.
Não há, portanto, nenhuma perspectiva de melhora a curto prazo.