Apenas pela questão dentro das quatro linhas e resultados obtidos na carreira, a possível chegada do técnico brasileiro Luiz Felipe Scolari poderia ser digno de aprovação por torcedores do Colo-Colo.
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Contudo, declarações dadas pelo treinador sobre o ditador chileno Augusto Pinochet ainda em 1998 e também em 2005 geram sentimento de contrariedade que ficou bastante explícito em uma postagem feita na rede social de uma organizada do clube, a Antifacistas de La Garra Blanca.
“No dá repulsa saber que Luiz Felipe Scolari seja pretendido pelos nefastos da Blanco y Negro (empresa que administra o clube). Como técnico do nosso precioso clube, um sujeito nefasto que não teve vergonha em louvar o genocida Pinochet e de que, às vezes, são necessárias as violações dos Direitos Humanos para manter a ordem. É isso que queremos para o Colo-Colo?”, diz parte da postagem.
O texto ainda faz um comparativo com o momento de absoluta tensão social vivido pelo país nos dias atuais fazendo fortes críticas ao presidente Sebastián Piñera.
“.(..) sobretudo agora que, sob a tirania de Piñera, estão matando e mutilando nossos irmãos e irmãs sob o mesmo pensamento plantado por esse nefasto sujeito, a chamada ordem pública. Nós dizemos NÃO! Não ao fascismo no Colo-Colo, não ao pinochetismo em nosso clube, nosso clube tem origens populares e rebeldes, por isso nunca a trajetória e os triunfos de alguém vão ficar acima do seu pensamento, posição política e, sobretudo, de seus valores humanos. O Colo-Colo não deve ter nenhuma relação com quem atenta e avaliza a repressão contra um povo que só exige o que é justo e o que lhe foi tomado como direito a uma vida digna por décadas”, discorre o texto.
“Desde o nosso Coletivo, Antifacistas de La Garra Blanca, vamos declarara guerra a chegada de Scolari e de qualquer um que abrace as práticas e ideias fascistas. O advertimos, te declaramos persona non grata para o Colo-Colo e para o povo do Chile. E vocês, ByN, não passarão impunes por rir da cara da nossa gente”, finaliza.
Quais foram as declarações de Felipão?
As entrevistas que geram intensa rejeição por parte dos torcedores em questão foram dadas ao programa de TV Roda Viva, da Tv Cultura, e também a Rádio Jovem Pan, respectivamente, tiveram um tom não apenas de minimizar possíveis violações aos direitos humanos por parte de Pinochet como também elogiar o período em que o ditador esteve no comando do país.
“Pinochet fez muita coisa boa também. Ajeitou muitas coisas lá (no Chile). O pessoal estava meio desajeitado. Ele pode ter feito uma ou outra retaliaçãozinha aqui e ali, mas fez muito mais do que não fez”, disse ao programa de rádio.
“Olha, as pessoas ficam bravas comigo, mas eu digo uma coisa: Liberdade, liberdade. Democracia com esculhambação, faz o quê? Às vezes é bom dar um “pára, te quieto” e vamos fazer isso, daqui para frente vamos ver o que vai acontecer. É claro, está bom, dá liberdade. Hoje, no Brasil, tu não podes falar uma palavra qualquer porque é racismo, tu não podes falar uma outra, porque se tu falares é processado, falar em homossexual está processado, falar preto é processado”, comentou na atração televisiva.