*Texto originalmente de Benjamin Baer, colunista do MLSsoccer.com e reproduzido pela MLS Brasil
A história de Brandam Kent poderia servir de roteiro para um filme ao melhor estilo Moneyball. Mas ao invés de baseball, o soccer. Em maio do ano passado, o estudante de apenas 20 anos da Universidade de Harvard foi contratado pelo Portland Timbers e teve participação fundamental na conquista do título inédito, em dezembro. Apesar de sua história ser pouco conhecida, Kent foi uma das cabeças por trás de um trabalho metódico que influenciou diretamente nos resultados dentro de campo e publicada por Benjamin Baer, colunista do MLSsoccer.com.
Leia Mais: James Rodríguez e Falcao García: Em busca de dias melhores
Definidos os confrontos das semifinais na “Segudona mexicana”
No segundo ano de estatistica, Kent foi contratado por Gavin Wilkinson, General Manager do Portland Timbers, com a missão de alinhar estratégias de contratação de jogadores que pudessem fazer a diferença dentro de campo. O objetivo era encontrar os melhores nomes possíveis sem influenciar no orçamento da equipe, de modo que o Portland Timbers pudesse conquistar a MLS Cup.
Trabalhando a distância através de seu computador pessoal, Kent aproveita as férias de verão em Portland para definir suas estratégias de trabalho com o clube. Logo depois, voltou para sua vida em Harvard, onde trabalgava com métricas e estatísticas à distância.
Não é fácil para a grande maioria dos clubes encontrarem nomes fortes que não ultrapassem o orçamento do departamento de futebol. Nos Estados Unidos então, com o teto salarial imposto pela MLS, a missão é ainda mais difícil. Depois do sucesso de 2015, Kent terá ainda mais responsabilidades em 2016.
“Nós vamo dar à Kent uma lista de jogadores que estamos analisando”, Wilkinson contou em entrevista ao MLSsoccer.com. “Vamos pedir para que seja ponderado e analise a liga de onde o jogador vem para compararmos com a média da MLS. Nós temos indicadores de performace para cada jogador de cada posição que temos interesse”.
Segundo a coluna, foi esse tipo de métrica que ajudou a equipe a contratar o argentino Lucas Melano junto ao Lanús. Apesar de ter tido dificuldades de adaptação, o jogador foi fundamental nos playoffs marcando contra o FC Dallas, na final da Conferência Oeste, e dando assistência na final contra o Columbus Crew.
Nenhum dos dois divulgaram maiores informações sobre outros nomes que já tenham sido analisados por Brendam Kent, mas Wilkinson fez questão de destacar a importância de ter mais um filtro na hora de escolher o melhor jogador para compor o elenco do Timbers.
“Continuamos a desenvolver nosso sistema e melhorando os indicadores para cada posição. Com essas métricas, focamos nas habilidades e características para jogadores e posições específicas”, disse Winkinson.
Para exemplificar, o diretor disse que no caso de estarem buscando um jogador de meio de campo para atuar como um número 10 clássico, o clube estaria buscando por estatísticas como passes certos e assistências dadas, habilidades consideradas importantes para a posição. Além disso, a ferramenta também é usada para analisar a movimentação do jogador e em que lugar do campo ele pode render mais.
Mas acompanhar e analisar possíveis contratações não é o único trabalho de funcionários como Kent. Além do estudante, o Portland Timbers conta com dois profissionais de ciência esportiva para análisar os jogadores do elenco e ajudar na prevenção de lesões e encontrar maneiras de mante-los atuando em alto nível por mais tempo possível. Dessa forma, as informações são usadas para avaliações e outras métricas avançadas que possam ser úteis para a comissão técnica de Caleb Porter.
“Se estamos criando chances, qual a qualidade das chances criadas? É muito importante poder ter um panorama do desempenho da equipe. Nos dá ideias. Precisamos saber se as tendências que identificamos são preocupantes ou aceitáveis”, explicou Wilkinson.
No final das contas, tudo se volta para Caleb Porter e seus 11 jogadores titulares. As métricas analisadas muitas vezes são decisivas e ajudam diretamente a equipe a conquistar resultados de maneira eficiete. Como fazer isso da melhor maneira possível, porém, é uma pergunta que precisa ser respondida diariamente por Kent e seus companheiros de trabalho.
Para o garoto ainda é difícil saber como será seu futuro. Com mais dois anos à frente até sua graduação e assim como a maioria dos estudantes de sua idade, ele não tem certeza ainda do que fazer quando terminar a faculdade: “Agora só quero adquirir o máximo de experiência que puder e faer tudo o que puder pelo Timbers”.