Polêmica no prêmio da Libertadores feminina

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Foto: Divulgação

*Por Anna Evans

Logo após se consagrar como campeã da Copa Libertadores da América de Futebol Feminino, a equipe do Atlético Huila, da Colômbia, criou uma grande polêmica ao comentar sobre o destino do prêmio de US$ 55 mil dólares concedido pela Conmebol para o clube vencedor.

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De acordo com um dos destaques do time, Yoreli Rincón, de apenas 25 anos, o valor do prêmio não seria revertido para a equipe formada pelas 20 jogadoras e comissão técnica que venceu a Libertadores, e sim para o time masculino do Atlético Huila, pois apesar de serem parte de um mesmo clube, as duas equipes não possuem o mesmo presidente.

Essa declaração repercutiu bastante na imprensa internacional e resultou em muitas críticas nas redes sociais, pois evidenciou as desigualdades que ainda existem entre o futebol masculino e o feminino dentro dos clubes latino-americanos.

Contudo, ao retornar para a capital da Colômbia, a equipe concedeu uma entrevista coletiva e explicou um pouco mais sobre a polêmica, afirmando ter chegado a um acordo com os dirigentes do clube. Na ocasião, Yoreli Rincón declarou que as jogadoras conseguiram solucionar essa situação em conjunto com os diretores do Atlético Huila e garantir que o prêmio seja dividido entre todos aqueles que trabalharam arduamente para conquistá-lo.

Reconhecimento e luta por mais espaço para o futebol feminino

polemica-no-premio-da-libertadores-feminina-Futebol-Latino-2-10-12Ainda durante a entrevista que concederam aos repórteres que acompanharam o retorno do time, as jogadoras do Atlético Huila ressaltaram o desejo de que esse título possa trazer mais estabilidade e reconhecimento para o futebol feminino na Colômbia, além de expressarem a vontade de firmar contratos melhores e mais justos.

Segundo as campeãs da edição de 2018 da Copa Libertadores, mais do que dinheiro, as mesmas esperam receber mais apoio e desejam que a liga de futebol feminino da Colômbia se torne uma competição permanente, deixando de ser um torneio instável e com riscos de ser extinto a todo momento.

Para a capitã do time, a jogadora Gavy Santos, que foi a responsável por marcar um dos gols da final do torneio, esse título inédito representou uma façanha histórica para o país, e contribuiu para demonstrar que o futebol colombiano é de grande qualidade e merece respeito. Antes do Atlético Huila vencer a competição, um outro time da Colômbia já havia chegado perto de conquistar a Copa Libertadores de Futebol Feminino, o Formas Íntimas, que perdeu na final para as brasileiras do São José em 2013.

De acordo com as atletas do Atlético Huila, a próxima geração de talentos no futebol feminino depende de uma liga profissional forte, que ofereça um futuro atrativo para as jovens que desejam jogar profissionalmente. Caso isso não aconteça, o país continuará perdendo jogadoras ótimas e deixando de se tornar uma potência na modalidade a nível global.

Dirigentes colombianos confirmam nova edição da liga profissional feminina em 2019

polemica-no-premio-da-libertadores-feminina-Futebol-Latino-1-10-12Dois dias antes da final da Copa Libertadores que rendeu o título de campeã da América do Sul para a equipe do Atlético Huila, os diretores da Primeira Divisão do Futebol Colombiano se reuniram para definir o futuro do futebol feminino no país em 2019.

Rumores na mídia local haviam antecipado que a liga profissional corria o risco de ser cancelada devido a falta de patrocinadores e recursos financeiros.

Após essa reunião entre os diretores, foi anunciado que a liga profissional de futebol feminino irá acontecer em 2019, porém, a mesma só será obrigatória para os clubes em que a categoria de futebol masculino já garantiu uma vaga em competições internacionais organizadas pela Conmebol, como a Copa Libertadores da América e a Copa Sul-Americana.

Vale destacar que ter uma equipe de futebol feminino disputando torneios nacionais é um pré-requisito estabelecido pela confederação sul-americana para que os times de futebol masculino participem dos campeonatos continentais.

Apesar de disputar a elite do futebol colombiano, a equipe masculina do Atlético Huila não conquistou vaga em nenhuma competição internacional para 2019, o que significa que o time feminino, mesmo tendo vencido a Libertadores de 2018, não possui a obrigatoriedade de participar da próxima edição da liga profissional de futebol feminino.

Relembre a trajetória vitoriosa do Atlético Huila na Copa Libertadores 2018

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Foto: Divulgação

A equipe feminina do Atlético Huila se classificou pela primeira vez para a Copa Libertadores após vencer o Campeonato Colombiano de Futebol Feminino em 2018. Apesar de ter sido criada apenas dois anos antes, em 2016, a equipe desde o seu início acumulou bons resultados, com títulos nacionais e agora também internacionais.

Mesmo não sendo citado entre os favoritos ao título, o time do Atlético Huila entrou na competição com jogadoras experientes e talentosas. Várias delas, inclusive, defendem a camisa da seleção de seus países. A goleira, por exemplo, é a titular da equipe da Costa Rica, enquanto as dez titulares também atuam na seleção de seus respectivos países.

Essa experiência foi um fator decisivo na estreia da equipe, contra o Peñarol. Desde o início do jogo, o Atlético Huila pressionou muito o adversário e conseguiu um placar confortável, de 3 x 0, com gols de Vallejos, Stabille e Aldana Cometti. Sem perder o domínio da partida em nenhum momento, o time colombiano iniciou o torneio de forma estável e confiante, despontando como uma das equipes mais perigosas para os times brasileiros, tidos como favoritos.

Na segunda partida, uma falha coletiva na marcação foi a grande responsável pela única derrota do Atlético Huila no torneio, contra as brasileiras do Audax Osasco. O placar tímido, de 1 x 0, foi definido logo no primeiro lance do jogo, quando Camila conseguiu dar um nó tático na equipe colombiana e marcar o único gol da partida. O resultado fez com que o Atlético Huila fosse para o terceiro jogo da primeira fase precisando de uma vitória para garantir a classificação.

O jogo seguinte, contra o Unión Española, começou com muitas chances para ambos os lados, mas os quatro gols da partida só saíram no segundo tempo. Depois de abrir o placar com um gol de Eliana, o time colombiano ainda cedeu o empate, em jogada protagonizada pela atacante Paola, do Unión Española. Mas sem perder a concentração e o caráter ofensivo, o Atlético Huila buscou a vitória e conseguiu colocar 3 x 1 no placar, com gols de Carolina e Yoreli.

Classificado em primeiro lugar no seu grupo, o Atlético Huila enfrentou na semifinal o segundo colocado do outro agrupamento, o time amazonense Iranduba, que jogou em casa e com o apoio de sua torcida. Após começar perdendo, a equipe colombiana conseguiu empatar com um gol de Lucia, deixando o placar em 1 x 1. Devido ao empate, a decisão precisou ir para os pênaltis, o que acabou favorecendo o Atlético Huila, que teve maia destreza nas cobranças e definiu sua classificação por 3 x 1 nas penalidades.

O jogo decisivo

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Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

A grande final da Copa Libertadores de Futebol Feminino de 2018 marcou o embate entre o Atlético Huila e o Santos, que era o grande favorito ao título. O time brasileiro trilhou uma trajetória impecável ao longo da competição, com quatro vitórias por goleada, e chegou até a final com uma das mãos na taça.
Além do desempenho espetacular dentro de campo, o time de futebol feminino do Santos possui grande tradição no torneio, tendo vencido em duas ocasiões, nas edições de 2009 e 2010. Sendo assim, era inegável que as brasileiras chegaram a final com um claro status de favoritismo.

Quando a bola começou a rolar, o Santos conseguiu criar logo no minuto inicial um contra-ataque perigoso através de uma bela jogada desenvolvida por Brena, que dominou a bola e converteu um lindo gol de fora da área. Com a vantagem no placar desde o início, o Santos tentou administrar a vitória mas cometeu o erro de levar pouco perigo para a equipe colombiana, que conseguiu se defender muito bem após tomar o gol.

Precisando muito do resultado, a equipe do Atlético Huila se portou de forma bastante ofensiva, orquestrando algumas boas jogadas no decorrer do primeiro tempo. O esforço do time colombiano foi recompensado logo no início da segunda etapa, quando Gavy Santos conseguiu encobrir a goleira da equipe santista e marcar o gol de empate, selando o placar em 1 x 1. Com o fim do tempo regulamentar, a decisão do campeonato teve que ser disputada nos pênaltis.

Na cobrança das penalidades, o jogo trouxe emoção aos expectadores até o último minuto. Do lado do Atlético Huila, Rodallega, Stabile, Vallejos e Cometti fizeram gols, enquanto entre as santistas, Maurine, Camila e Juliete marcaram, deixando o placar em 4 x 3. Na sequência, Angelina perdeu o quarto pênalti do Santos, o que deixou o título nos pés de Rincón, a qual aproveitou muito bem a sua cobrança e encerrou o jogo em 5 x 3 para o time colombiano.

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