*Por Agência eMarket
Não é de hoje que o futebol sul-americano está em crise. A Conmebol, principal entidade do futebol latino, não se entende com os clubes e a situação está cada vez mais difícil.
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O problema foi totalmente escancarado com a sequência de erros e todos os problemas apresentados na pior edição da Copa Libertadores dos últimos tempos que também, inclusive, ainda não terminou por toda a falta de planejamento. Falta organização para o esporte mais tradicional da América do Sul.
O grande exemplo está na Europa. Além de todo o dinheiro envolvido, a UEFA aprendeu com os erros do passado e se estruturou para atender todos os clubes de forma igual. Também montou uma Liga forte, com a presença dos melhores times do continente. Mas o que mais pesa é a organização.
Cada país tem sua Liga, que é organizada pela entidade de futebol daquela nação, mas todos seguem um padrão. As datas são respeitadas, o estatuto do torcedor é padrão e a educação é crucial para o funcionamento. Até os horários dos jogos são cumpridos à risca, sem atrasos. Você pode conferir os melhores campeonatos da Europa no Bet365 e aproveite para dar se palpite.
Tragédia de Hillsborough serviu de exemplo
Mas não foi sempre assim. Como foi citado anteriormente, o futebol europeu aprendeu com os erros. Um destes erros acabou em tragédia.
No dia 15 de abril de 1989, o mundo ficou chocado com a morte de 96 torcedores durante a partida entre Liverpool x Nottingham Forest pela semifinal da Copa da Inglaterra. O jogo foi no estádio Hillsborough, considerado um dos mais seguros da Inglaterra. A superlotação acabou sufocando e até esmagando alguns torcedores que foram pressionados contra o alambrado.
Esta situação acabou ligando a luz vermelha sobre a organização de jogos na Inglaterra e na Europa. A partir deste momento, nenhum estádio europeu possui a grade do alambrado. Hoje existe uma fossa ente o campo e a arquibancada. Também existe um controle na venda de ingressos e na capacitação dos estádios.
A extinção dos hooligans também foi essencial para a evolução do futebol europeu. Com um forte esquema de fiscalização e segurança, eles foram identificados e banidos dos estádios. Toda partida na Inglaterra recebe esta fiscalização. Segundo os próprios ingleses, não existe lugar mais seguro em Londres do que dentro de um estádio.
Cancelamento da final da Libertadores foi vergonhoso
Está na hora do futebol latino aprender com os bons exemplos. O cancelamento da segunda partida da final entre River Plate x Boca Juniors foi a gota d’água para os dirigentes sul-americanos.
Uma hora antes da partida, torcedores do River jogaram pedras, paus e garrafas contra o ônibus com a delegação do Boca. As janelas estilhaçaram. O motorista desmaiou. A polícia, de acordo com vários relatórios, disparou spray de pimenta para dispersar a multidão e o gás entrou no ônibus.
Alguns momentos depois, o Boca chegou ao estádio e seus jogadores tossiam, vomitavam, suas gargantas queimavam por causa do spray. Fragmentos de vidro atingiram dois jogadores, Pablo Pérez e Gonzalo Lamardo, nos olhos. Outros foram cortados por destroços.
O pior é que a Conmebol não queria cancelar a partida, mesmo com a situação dos jogadores do Boca. Precisou de um acordo entre dirigentes para oficializar o cancelamento e adiar a partida. A final acontecerá no próximo domingo, dia 9, no Santiago Bernabeú, em Madrid.
A polêmica envolvendo a escolha do estádio também está dando o que falar e até já gerou um nove nome para a competição: Colonizadores da América. Os dois clubes são contra a escolha e não querem jogar na Espanha. A escolha por um estádio europeu para uma final Sul-Americana só demonstra que o futebol latino precisa evoluir para não acontecer uma situação como esta.
O certo é que a imagem da competição sul-americana foi seriamente manchada e quem está no comando não parece capaz de recupera-la.
Crise também atinge as seleções
A incompetência dos dirigentes sul-americanos também está atingindo as seleções do continente. Uma prova disso é o fraco desempenho dos países continentais na Copa do Mundo da Rússia. Nenhuma seleção conseguiu a classificação para semifinal. Brasil e Uruguai foram eliminados nas quartas, por Bélgica e França, respectivamente, de uma maneira natural e até com facilidade.
A verdade é que as seleções europeias dominam as Copas por muito tempo. O último título sul-americano foi com o Brasil, em 2002. De lá para cá, só deu Europa (Itália 2006, Espanha 2010, Alemanha 2014 e França 2018).
O que está acontecendo com o nosso futebol? De novo, falta organização e competência. A Conmebol não oferece qualidade. A Copa América, terceira principal competição entre seleções do mundo, está defasada, com países recusando convite para participar (Portugal, Espanha, Estados Unidos e México negaram o convite da Conmebol para participar da Copa América 2019).
Novamente, o segredo está na organização e a Europa dá o exemplo. A UEFA organizou nas datas Fifa até a metade de 2019 a realização da Liga das Nações, competição entre as melhores seleções da Europa, substituindo os amistosos defasados e dando mais competitividade para seus times.
O sucesso foi tão grande que já tivemos surpresas na disputa com a eliminação da Alemanha para a Holanda após empate de 2 a 2, em Berlim. A surpresa foi ainda maior porque o time Laranja perdia de 2 a 0 até aos 36 do segundo tempo e reagiu de uma forma surpreendente, empatando o jogo e eliminando os alemães.
Com a Liga das Nações, as seleções sul-americanas estão encontrando dificuldades de realizarem amistosos “mais fortes”. A solução foi encarar times de outros continentes. O Brasil, por exemplo, enfrentou no segundo semestre de 2018 os Estados Unidos, Argentina, Camarões, Uruguai e a Arábia Saudita. Ruim para o futebol latino.
Seja na competição entre clubes ou seleções, o futebol sul-americano precisa de uma grande reformulação para tentar sair do buraco e evitar que problemas como o da Libertadores de 2018 seja o fato mais marcante de uma temporada.