Depois de 12 anos da última vez que o fato havia acontecido, toda uma geração de torcedores são-paulinos tiveram a oportunidade de ver a equipe do São Paulo representando o futebol sul-americano em um torneio internacional de clubes do peso e relevância do Mundial.
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E se em 1992 e 1993 a equipe do Morumbi foi para disputar um jogo único, no ano de 2005 a coisa ficou mais complicada do que o normal, precisando de dois duelos na terra do sol nascente para que o terceiro grito de campeão (o primeiro no novo formato do torneio) pudesse ser soltado da garganta e a frase de Galvão Bueno “O mundo é seu, torcedor tricolor!” fizesse total e absoluto sentido.
Hoje, no segundo episódio da série do Futebol Latino falando sobre os brasileiros que já venceram o torneio no seu novo formato, chegou a vez de se aprofundar no título do São Paulo.
A campanha
Al-Ittihad (Arábia Saudita) 2 x 3 São Paulo – 14/12 – Estádio Nacional, Tóquio
Envolvido pelo nervosismo da estreia e também enfrentando uma equipe com os bons passes do brasileiro Tcheco e a habilidade no comando de ataque principalmente do saudita Noor, as duas equipes protagonizaram uma partida muito movimentada e tensa para ambos os lados do início ao fim.
Melhor para o tricolor que, com os tentos de Amoroso (duas vezes) e Rogério Ceni, de pênalti, conseguiu superar todos os obstáculos e carimbar seu passaporte rumo a Yokohama.
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São Paulo 1 x 0 Liverpool (Inglaterra) – 14/12 – Estádio Nacional, Tóquio
Dez jogos sem tomar gols e há meses sem saber o que era uma derrota. O favoritismo (assim como invariavelmente acontece) era total e absoluto dos ingleses diante de um São Paulo que tinha passado grandes dificuldades nas semifinais. Mas ali brilhou a estrela coletiva de uma equipe altamente aguerrida.
Com uma marcação extremamente ajustada, um gol na pura precisão do passe de Aloísio aliada a conclusão certeira de Mineiro e também os dois gols bem anulados pela arbitragem, o torcedor são-paulino conseguiu se aliviar depois dos 90 minutos mais tensos e angustiantes possíveis e finalmente se proclamar novamente campeão do mundo.
Depoimentos dos torcedores sobre o título
Luiz Ademar – Eu pouco consegui acompanhar o jogo com total atenção pois fazia parte do início do site do GloboEsporte.com, que hoje é uma potência. Na época eu nem viajei ao Japão, fiz a partida do Brasil mesmo e sempre atento a tudo na Rádio Globo porque, a cada hora, precisava sair uma notícia. Eu me lembro que, quando a partida acabou e o Galvão gritou “São Paulo é campeão”, eu chorei e minha filha disse: “Só lembro de ver você chorando nas fitas do nosso nascimento”. E eu respondi: “Pô, mas a emoção é grande, hein!”. Então minha experiência foi trabalhando e quando acabou eu chorei de raiva, de emoção e de pressão.
Alberto Barbosa – Lembro que assistia videos de outros grandes times do São Paulo que foram disputar o outro formato do Mundial com inveja de quem tinha idade pra entender aquilo, afinal eu tinha só dois e três anos nas duas primeiras conquistas. Dormir um dia antes do Al-Ittihad foi difícil demais e, contra o Liverpool, mais ainda. Acordei às 4h, às 6h e às 8h de tão ansioso que fiquei e, lógico, os pés suaram e as palavras que eu sempre troco com meu pai durante jogos do São Paulo dessa vez eram raríssimas. Quando acabou o jogo eu sequer me dei conta da grandeza do feito, demoro pelo menos uns 15 a 20 minutos pra eu realmente acreditar que meu time era campeão do mundo.