Campeão com o Querétaro da Copa MX, o goleiro Tiago Volpi caiu nas graças da torcida mexicana. O brasileiro foi o grande nome da conquista diante do Chivas Guadalajara ao defender dois pênaltis e curte o bom momento no México.
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Em bate-papo com o Futebol Latino, Tiago Volpi fala sobre o momento na Liga MX, a adaptação a nova liga, referências na carreira e o futuro. Veja a entrevista abaixo:
Futebol Latino: Como foi o seu início no futebol?
Tiago Volpi: Iniciei minha carreira aos 12 anos no Avenida, clube que disputa a segunda divisão do Campeonato Gaúcho. Ainda jovem, tive passagens no Sul em clubes como o Santa Cruz e o São José, que está na elite do campeonato estadual. Como todos os jovens, tinha esse sonho de me tornar jogador de futebol e batalhei muito para conquistar meu espaço. Graças a Deus deu tudo certo e hoje posso fazer o que amo.
FL: Fale um pouco sobre a passagem no Figueirense: Estrutura do clube, organização, diretoria e torcida.
T.V: A minha passagem pelo Figueirense é um período muito importante para mim. Foi onde eu pude ter um reconhecimento nacional, onde as pessoas puderam conhecer um pouco mais do meu trabalho, e foi o clube que me abriu as portas internacionalmente, permitindo que eu estivesse no México hoje. Poder ter jogado lá é motivo de muito orgulho, num clube bem estruturado, organizado, que tem uma torcida muito apaixonada e que merece estar na elite do futebol brasileiro.
FL: Como surgiu o interesse do Querétaro?
T.V: Cheguei no Figueirense em 2012 e lá fiquei por dois anos e meio, disputando uma Série B e, no ano seguinte, disputando a elite do Campeonato Brasileiro. Graças a Deus pude ter um excelente desempenho e me destacar no cenário nacional. O interesse do Querétaro aconteceu de uma forma muito rápida, e tudo se acertou em instantes. Ir para o futebol internacional agregaria muito à minha carreira, as condições eram boas para mim e minha família e achei que era a coisa certa a se fazer. Tinha alguns amigos no México e me recomendaram a ida para lá. Além disso, naquela época, o Ronaldinho Gaúcho estava no Querétaro, e jogar ao lado dele era um sonho que tinha e que pude realizar.
FL: Qual a diferença de treinamentos de goleiro no Brasil e no México?
T.V: A escola de goleiros é muito parecida. A única diferença é que, como no México os jogos acontecem uma vez por semana, podemos treinar mais as partes técnica e física. Então, hoje eu me sinto muito mais preparado em todos os sentidos para atuar em alto nível. Hoje, o preparador de goleiros que tenho aqui no Querétaro é, sem dúvidas, um dos três melhores que já tive na minha carreira.
FL: Organização do futebol mexicano: Quais as diferenças que ele percebe entre os dois países?
T.V: As coisas no futebol dos dois países são muito parecidas. O estilo de jogo é bastante semelhante, mas o futebol do México é um pouco mais veloz, mais aberto. A questão tática no Brasil é mais aprofundada, e o jogo fica mais estudado, analisado. No México, temos um jogo mais dinâmico, com os times buscando o gol a todo momento.
FL: Qual foi a principal dificuldade para se adaptar ao futebol mexicano?
T.V: Graças a Deus não tive muitas dificuldades. A minha adaptação foi rápida e tranqüila, pois os costumes são agradáveis, o clima, a cultura, tudo muito bom. O idioma é parecido com o português, o que facilitou, também, para que eu me adaptasse rapidamente. Quando cheguei, alguns brasileiros faziam parte do elenco, e me ajudaram muito na minha chegada.
FL: Como é o relacionamento da torcida com os jogadores?
T.V: O assédio aqui por parte da torcida é muito grande, em qualquer lugar que a gente vá os torcedores nos param para tirar foto, pegar autógrafo, mas sempre com respeito. A torcida está sempre presente no estádio, colocam, pelo menos, 25 mil pessoas por jogo, e isso nos motiva muito para realizar um bom trabalho. Esse carinho e essa confiança que os torcedores nos passam são muito positivos para nossa carreira.
FL: Você foi o principal nome do Querétaro na final da Copa do México. Conte um pouco sobre a campanha e a decisão diante do Chivas.
T.V: Realmente foi uma noite muito emocionante. Poder conquistar um título pelo seu clube é uma coisa muito marcante para qualquer jogador, e comigo não foi diferente. Uma noite mágica, onde eu pude defender dois pênaltis e ainda fazer um gol, é algo que vai ficar guardado para sempre no meu coração. Fomos campeões com um aproveitamento muito bom, fazendo grandes jogos. Pegamos adversários muito difíceis, principalmente a partir da fase de mata-mata, e consegui me destacar com grandes atuações. Com o título, colocamos o Querétaro em um outro patamar aqui no México. Os torcedores, inclusive de outros clubes, sempre me elogiam pelo meu desempenho naquele título. Isso é muito gratificante para um atleta.
FL: Quais são suas referências de goleiro?
T.V: Tenho goleiros que me chamam muito a atenção, de idades distintas, como Buffon, da Juventus, e De Gea, do Manchester United. Mas minha referência sempre foi o Júlio Cesar. Na época em que eu estava subindo das categorias de base para o profissional, eu o via fazendo mágica no gol da Inter de Milão, como poucos goleiros fizeram por seus clubes, e isso me impressionava muito. Um goleiro com muita velocidade e um poder de reação incrível, que defendeu a seleção brasileira por tantas vezes, e é esse o caminho que quero seguir.
FL: Ainda sonha com a Europa?
T.V: Ainda tenho mais dois anos e meio de contrato com o Querétaro, mas nunca escondi que tenho o desejo de jogar no futebol europeu. É o sonho de qualquer jogador de futebol. Os melhores jogadores do mundo estão lá, atuando em alto nível, e isso é muito motivador, até para uma possível convocação para a seleção brasileira. Sei que uma ida para a Europa se dará pelo bom desempenho que eu tiver aqui no Querétaro, e é nisso que vou focar, pois adoro esse clube, essa cidade, minha família é muito feliz aqui e sei que ainda tenho coisas boas para conquistar no México.
FL: Seu nome foi especulado para jogar no São Paulo no começo do ano, o que tem de verdade nisso?
T.V: Fico feliz por ver meu nome sendo especulado em times grandes do Brasil, mas não passou disso, apenas especulação. Mas isso é reflexo do bom trabalho que venho fazendo aqui no Querétaro e, se chegar uma proposta que seja boa para todos os lados, vamos sentar e analisar, mas meu pensamento hoje é totalmente no clube que estou.