Tiago Nunes detalha sua experiência no futebol peruano

Tiago Nunes
Foto: Divulgação/Sporting Cristal/Tiago Nunes

Com nove meses de trabalho sob o comando do Sporting Cristal, o técnico brasileiro Tiago Nunes concedeu entrevista ao portal ge onde falou sobre diferentes aspectos que conseguiu perceber em sua primeira experiência fora do futebol brasileiro.

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Um dos pontos positivos a respeito de sua atual função é enxergar um ambiente onde, apesar da pressão por resultados, ele enxerga maior prudência para a análise do trabalho tanto por parte dos torcedores como da própria imprensa local:

“Poderia dizer que é menor e diferente. Para você ter uma ideia a gente teve duas derrotas seguidas na metade do ano e alguns torcedores invadiram o treinamento para cobrar os jogadores, mas foi caso aleatório. Inclusive aquilo não é uma conduta natural. A gente perdeu dois jogos pela Libertadores, para o River e para o Fluminense, o que não tem nada de anormal e perdemos um clássico fora de casa. Veio uma cobrança muito forte da torcida organizada, que também existe aqui. Mas é um mundo diferente.”

“Eu me surpreendi com a própria imprensa, que é um dos catalisadores nesse processo de cobrança, pois falaram que é muito difícil analisar o trabalho da comissão técnica brasileira em seis meses. No Brasil, em seis meses é como se passassem dez anos. A referência deles de avaliação é mais a longo prazo. Claro que existem trocas como qualquer outra instituição, os nossos rivais aqui já mudaram de treinador neste ano”, acrescentou.

Classificando o ambiente de trabalho no Brasil como ‘tóxico’, Tiago Nunes chegou a dizer, inclusive, que o clima de imediatismo existente em seu país natal para a obtenção de resultados foi prejudicial no seu processo inicial de adaptação ao futebol peruano:

“Tive dificuldade aqui no início diante do ambiente tóxico no Brasil, com cobrança por resultado imediato, que você não ganha três jogos e é demitido. Eu transferi isso para os jogadores aqui e tive dificuldade. Eles não entendiam tanto essa cobrança precoce. A parte boa é que isso gerou uma comunicação melhor, uma relação melhor.”

Apesar dos elogios em relação a estrutura e organização do Sporting Cristal, Tiago reconhece que existe uma notória diferença no aspecto econômico quando se compara a realidade de clubes da elite no Brasil e Peru.

“A diferença econômica é bem grande. Eu poderia dizer que o montante que gira no futebol peruano em um clube como o Sporting Cristal está mais próximo de uma equipe de Série B do futebol brasileiro do que da primeira divisão. Mesmo assim, conseguimos competir todos os anos na Libertadores, faz tempo, mas já tivemos bons resultados, como foi em 97, quando o time foi vice-campeão da Libertadores contra o Cruzeiro. Este ano, tivemos uma campanha boa, não conseguimos classificar para o mata-mata da Libertadores, mas competimos com Fluminense e River, mesmo com uma diferença econômica grande. Para mostrar essa diferença, historicamente, a principal venda do futebol peruano gira em torno de um milhão e meio de dólares, o que é uma cifra muito menor do que uma venda normal no futebol brasileiro”, afirmou.

Mesmo com a pausa nas competições nacionais em diferentes países do continente americano por conta das Datas Fifa, o Sporting Cristal voltará a jogar já no próximo domingo (10), diante do Sport Boys, pela 12ª rodada do Clausura na Liga1. Neste momento, os Cerveceros estão na liderança da tabela, com 24 pontos, apenas dois a frente do segundo colocado, Universitario.

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