Em entrevista, repórter detalha situação do futebol argentino

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Foto: Divulgação/Liga Profissional de Futebol

As últimas três temporadas da Libertadores, todas elas vencidas por clubes brasileiros, serviram para comprovar que o domínio dos argentinos na competição está acabando.

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Martin Macchiavello, repórter do tradicional jornal Olé, explicou em entrevista à casa de apostas Betway que a atual crise financeira do país afeta muito o futebol. Ele diz que o futuro do torneio continental é brasileiro, pois os argentinos não têm nenhuma condição de pagarem por um bom elenco. O objetivo atual é sobreviver, algo que não está sendo tão fácil como alguns imaginavam.

Em agosto deste ano, uma reportagem da ESPN Brasil mostrou que a situação financeira do futebol argentino é complicada. Para se ter uma ideia, os clubes que disputam a elite local acumulam dívidas que superam os R$ 300 milhões, algo que não era comum no passado. O resultado disso é a formação de elencos menos técnicos além da pouca capacidade em manter bons jogadores. Além disso, a venda para clubes do exterior se transformou em algo fundamental para conseguir encerrar o ano sem mais prejuízo.

Na entrevista ao Betway Insider, site de palpites na Libertadores, Macchiavello explicou que o momento atual é de sobrevivência e não de títulos. Ele conta que as equipes estão lutando de mãos amarradas e que a única alternativa é mesclar jogadores experientes com jovens em busca de uma oportunidade.

Martin aponta que o esporte ficou sem peso, sem dólares e o futebol piorou muito no país. Assim, é impossível imaginar que qualquer equipe argentina possa fazer frente ao Flamengo, por exemplo.

O repórter aproveitou para contar a situação do River Plate, uma das poucas equipes que conseguiu resultados positivos nos últimos anos. Ele aponta que, no elenco atual do time, é possível encontrar o jovem Julian Álvarez, de apenas 21 anos, jogando ao lado do veterano Leonardo Ponzio, que completa 40 anos em janeiro de 2022. Uma mistura que pode até parecer positiva, mas é insuficiente para acumular títulos e resultados positivos na Libertadores como foi no vice-campeonato de 2019. 

Domínio do Brasil no continente 

Essa situação foi uma espécie de “sinal verde” para os clubes brasileiros se transformarem em protagonistas da Libertadores. Martin não discorda disso e ainda garante que esse é o futuro do futebol sul-americano.

Na conversa com os jornalistas da Betway, site de apostas esportivas, o repórter fez uma previsão de muitos títulos para o Brasil e ainda criticou o atual formato da competição continental, principalmente pelo excesso de vagas para alguns países.

Martin acredita que apenas brasileiros e argentinos serão campeões dos torneios organizados pela Conmebol, pois são os dois que mais possuem vagas. Ele faz uma previsão de que, a cada 10 títulos, sete ou oito serão para os clubes do Brasil, enquanto os argentinos vão ficar com dois ou três apenas.

O repórter do Olé também garante que dificilmente veremos boas equipes de outros países, como o Independiente del Valle e o Barcelona de Guayaquil, por exemplo, campeões da Libertadores ou da Sul-Americana.

Essa previsão negativa foi colocada como uma crítica ao atual formato de disputa da Copa Libertadores. Desde 2017, a competição ficou maior e começou a oferecer muitas vagas para o Brasil e para a Argentina. E a análise faz sentido, pois os dois países dominaram por completo nos últimos anos. Em 2020 e 2021, a final foi 100% verde e amarela, com Palmeiras e Flamengo representando o país na atual edição que será definida em 27 de novembro, na cidade de Montevidéu. 

A crise no futebol argentino 

O péssimo momento na Argentina foi explicado por Macchiavello de maneira simples: a falta de profissionalismo de alguns dirigentes gerou uma grande dívida nos clubes e afastou possíveis investimentos.

Isso não é uma surpresa, pois a Associação do Futebol Argentino (AFA) está passando por uma das maiores crises da história e alguns rumores indicam que a federação pode acabar nos próximos anos. Isso mudaria por completo o futebol local.

Outro problema apontado pelo jornalista é o desinteresse do público estrangeiro na Primera División. Martin acredita que o campeonato ficou muito grande, com várias equipes na disputa, e que isso atrapalha na venda de direitos internacionais. Ele questiona que poucas pessoas pagariam para assistir uma disputa entre Patronato e Unión, duas equipes argentinas de pouca tradição e com elencos fracos.

O futebol argentino está passando por uma crise complicada e é difícil imaginar o que vai acontecer no futuro. A entrevista de Martin Macchiavello ajuda a entender como o futebol na América do Sul está ficando cada vez mais brasileiro. E, consequentemente, menos argentino.

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